Crônica da quinta-feira
(Marcus Ottoni – jornalista) Quando nasci, lá pelos idos de 1954, um anjo pirado, desses que vivem com a cabeça cheia de bagulho, me disse assim que respirei pela primeira vez na vida: vou sacanear tua existência. Sussurrou ele ao meu ouvido com um silvo celestial. Na ocasião não entendi bem, mas achei que sacanagem era uma coisa boa e, na minha inocência de recém-nascido, até agradeci o tal anjo caído sem ao menos saber falar ou emitir sons de qualquer tom. E assim minha vida foi seguindo seu rumo sem o destino que nunca tive e que sempre persegui sem saber o que estava procurando e porque procurava algo que nem sabia o que era. Mas segui na trilha da sacanagem angelical daquele anjo que nem sequer tenho lembrança de como era ele. E fui em frente com a ansiedade daqueles que vão ser sacaneados por quem não se sabe quem e quando e como. Mas em toda minha trajetória, nesses mais de 60 anos, sempre ouvi uma voz se manifestando dentro de mim nos momentos em...
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