Enfim, Henrique conseguirá o que o eleitor lhe negou por duas vezes: ser prefeito de Natal

(Marcus Ottoni - jornalista)
 
Carlos Eduardo (PDT) com Dilma (PT) e Henrique (PMDB)
  Por mais que prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) negue que não vai abandonar a prefeitura do Natal no início de 2018, caso seja reeleito, para disputar o governo do Estado, no universo político do Rio Grande do Norte a renúncia de Carlos ao cargo de prefeito do Natal com pouco mais de um ano da posse no segundo mandato é “prego batido e ponta virada”.
  A posse do vice-prefeito Álvaro Dias (PMDB), em 2018, é dada como certa e corroa de êxito o projeto do ex-ministro de Dilma e Temer, Henrique Alves, para governar a capital do Estado, mesmo que indiretamente, com o olhar fixo em 2020 quando pretende ser o candidato a prefeito de Natal pela coalisão política que se estabelecerá na administração pública da cidade, amparado por uma desejável vitória do primo Carlos Eduardo sobre o atual governador Robinson Faria na disputa para o cargo de governador do Rio Grande do Norte na eleição de 2018.
  Rejeitado pelo eleitor de Natal por duas vezes para o cargo de prefeito, Henrique Alves usa o primo para chegar ao Palácio Felipe Camarão, driblando a rejeição popular que o derrotou nas eleições em que disputou a prefeitura de Natal, assumindo o cargo com a renúncia do primo e tornando-se, assim, um “prefeito biônico indireto” da capital administrando a cidade via vice-prefeito do PMDB empossado com a saída precoce de Carlos Eduardo Alves.
  Esse golpe na população de Natal é resultado de uma engenharia política construída ao longo dos últimos anos desde quando Henrique Alves detinha o poder de presidente da Câmara dos Deputados, após sua derrota em 2014 para Robinson Faria. De lá, para o Ministério do Turismo nomeado por Dilma e depois por Temer, irrigou com verbas federais projetos e iniciativas da gestão do primo prefeito da capital, cuja contrapartida política era, e foi, a indicação do vice-prefeito pelo PMDB na chapa de reeleição do atual prefeito do Natal.
  A negativa do golpe contra o eleitorado natalense virou mantra na boca do prefeito Carlos Eduardo Alves e vem sendo entoado por todos os seus aliados, penduricalhos, agregados, bajuladores e interesseiros de plantão. Essa narrativa deve imperar cinicamente durante a campanha eleitoral nas hostes carlistas para evitar que o eleitor reedite a rejeição popular de Henrique Alves colando sua indignação na candidatura à reeleição do prefeito do PDT, prejudicando, dessa forma, todo o projeto da família Alves, uma das mais antigas e tradicionais oligarquias potiguar.
  Embora o clima de euforia antecipada de vitória nas urnas domine a candidatura à reeleição de Carlos Eduardo Alves, causado pelas últimas pesquisas de intenção de voto que colocam o atual prefeito de Natal bem situado na preferência do eleitorado natalense, é cristalino a realização do segundo turno na eleição deste ano com a definição do futuro prefeito só no início de novembro. Até lá, e dependendo das alianças para a eleição de novembro, o eleitorado da capital terá bastante tempo para identificar o estelionato eleitoral que se desenha para a eleição deste ano no município de Natal.
  É bom lembrar que o partido do prefeito Carlos Eduardo Alves, o PDT, é aquele partido cujos filiados defendem com unhas e dentes o lulopetismo e que seus parlamentares votaram na Câmara e votam no Senado contra o impeachment da Dilma e classificam os políticos do PMDB de golpistas. Pensando como o PDT, os “golpistas do PMDB” estarão contando os dias para expurgar o PDT da prefeitura e assumir o comando do município com o aval do prefeito Carlos Eduardo e o garrote do ex-ministro Henrique Alves.

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