O descaso da prefeitura de Natal com a Cidade Alta

(Marcus Ottoni - jornalista)

As barracas dos artesões: destruídas pelo descaso da prefeitura
Praça Padre João Maria no Centro Histórico de Natal
   Se o descaso do prefeito Carlos Eduardo (PDT) com cidade tem uma cara, sem sombra de dúvida essa cara é o Centro Histórico de Natal, na Cidade Alta, cujo abandono é o retrato sem retoque de uma administração onde o prefeito só tem foco numa candidatura ao governo do Estado em 2018, impulsionada por uma reeleição de seu mandato na capital agora em 2016.(denúncia feita em fevereiro de 2016 - click aqui)
  São praças, ruas, avenidas, corredores urbanos e centros comerciais populares entregues a própria sorte e totalmente relegados ao descaso do Poder Público municipal há muito tempo e que vem contribuindo de forma decisiva para a marginalização da cidade, justamente onde ela nasceu e se expandiu para outras regiões. O abandono e o desleixo da administração de Carlos Eduardo com a Cidade Alta é uma agressão, não apenas a história da capital do Rio Grande do Norte, mas também a todo natalense que assiste a degradação lenta e gradual do mais importante local de sua cidade pela omissão da Prefeitura.
  O descaso da administração do prefeito pedetista (PDT -partido considerado puxadinho do PT e “lamb-saco” do lulopetismo) pelo Centro Histórico de Natal é generalizado e atinge toda Cidade Alta compondo um cenário desolador e propício para a ocupação marginal da área com surgimento de focos de consumo e tráfico de drogas, pontos de assaltos, locais de prostituição e proliferação da mendicância, gerando um clima de insegurança e medo por parte da população que reside na Cidade Alta e para as pessoas que trabalham nas empresas que funcionam no bairro.
  Para ilustrar o descaso e abandono da Cidade Alta pela administração do prefeito Carlos Eduardo (que pretende ser reeleito para um ano depois de empossado, renunciar ao cargo e entregar a prefeitura para o primo Henrique Alves administrar Natal via Álvaro Dias (PMDB)), basta citar a Praça Padre João Maria, um importante corredor urbano encravado no coração do Centro Histórico de Natal, próximo a monumentos históricos, aos Poderes Públicos do município e do Estado, logradouros importantes, entidades classistas, grandes empreendimentos comerciais e via de passagem de milhares de pessoas das mais diversas regiões da capital e caminho de turistas e visitantes que procuram conhecer parte da história da cidade, além, é claro, dos devotos do padre João Maria que vão à praça rezar, pagar promessas e renovar sua crença no santo homem milagroso e caridoso da igreja católica.
  O aspecto da praça é a síntese de uma gestão pública distante da cidade e focada exclusivamente num projeto político personalista e familiar que utiliza o município como baladeira eleitoreira para chegar ao governo do Estado e manter o Rio Grande do Norte sob a tutela de uma oligarquia decadente e atrasada. É nela que se destaca a inoperância e irresponsabilidade de uma administração aristocrática, elitista e distante das verdadeiras necessidades da cidade.
  A feira de artesões que deu vida a praça atraindo turistas e natalenses, movimentando o comércio no local é, não hoje (mas desde a primeira vez que o prefeito Carlos Eduardo assumiu a administração após a saída da ex-prefeita Wilma de Faria) um atestado do descaso da prefeitura com o Centro Histórico de Natal. Reestruturada na gestão de Wilma de Faria, quando da reurbanização da praça Padre João Maria, a “feirinha” abrigava 38 artesões que comercializavam diversos tipos de produtos e de lá tiravam seu sustento. Hoje, pelo abandono da prefeitura, apenas oito ainda resistem heroicamente e apenas para “manter posição” porque, segundo eles, o que se fatura mal dá para repor o que se vende.
  Maria de Santana Gomes Freire, 77 anos, artesã que trabalha na praça há 48 anos é uma que resiste ao descaso e abandono da prefeitura. Ela lembra quando a ex-prefeita Wilma de Faria reorganizou o espaço e construiu as 38 barracas para os artesões. “Era muito bom. A gente aqui faturava bem que dava para sustentar a casa, repor a mercadoria e ainda guardar um dinheirinho”, diz. Hoje, sobrevivendo e resistindo em meio aos escombros da maioria das barracas, ela se diz desanimada e apreensiva com o futuro dos oito artesões que ainda insistem e resistem ao abandono do Poder Público.
Maria de Santana: artesã que resiste ao descaso
  A artesã se diz preocupada com o que pode acontecer com futuro do local porque a prefeitura sinaliza promover a desocupação do espaço retirando todas as barracas da área. Segundo ela, a alegação é que o local é tombado e precisa ser liberado. “Se é tombado, foi tombado com a gente aqui e temos que ficar”, reclama rebatendo a informação da prefeitura.  Para ela, o abandono do Centro Histórico de Natal não se resume apenas as barracas dos artesões da praça Padre João Maria, mas em toda Cidade Alta, o que contribui para a insegurança e o aumento da marginalidade que afasta os turistas.
Abandonada pela prefeitura há mais de 16 anos
 “Nós aqui estamos abandonados pela prefeitura. É muito triste ver a praça desse jeito e a gente sem poder trabalhar direito e ainda ameaçados de despejo do local de trabalho depois de 48 anos aqui”, desabafa Maria de Santana.  Vale ressaltar que após a reurbanização da praça Padre João Maria pela ex-prefeita Wilma de Faria, já se vão mais de 16 anos de abandono que entrou pelas administrações anteriores do atual prefeito Carlos Eduardo, atravessou a gestão desastrosa de Micarla de Souza, e vai se consolidando na atual administração do prefeito pedetista (que disputa sua reeleição para abandonar Natal no início de 2018, entregando a prefeitura para o primo Henrique Alves  via Álvaro Dias (PMDB) e disputar o cargo de governador do Estado contra Robinson Faria). 

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