“Na sétima curva do sol”


Maria Maria Gomes autografando o livro para mim (Foto: Yolanda Suassuna

(Marcus Ottoni – jornalista)
  Ler Maria Maria (agora tenho que acrescentar o Gomes).  Então vamos recomeçar.
  Ler Maria Maria Gomes é sempre um prazer que proporciona uma viagem imaginária a lugares e momentos que se tornam íntimos de um viajante que envereda pelas palavras e vai seguindo a trilha de um enredo recheado de surpresas, emoções e criatividade.
  “Na sétima curva do sol”, a intuição da escritora seridoense leva o leitor por tradições e culturas deliciosamente desenhadas pelas frases de cada página. Caminhar pelos escritos do livro é descobrir um povo nômade com sua tradição, sua crença e um destino atemporal que torna o livro, além de um romance épico, um resgate histórico do povo cigano.
11º livro de Maria Maria Gomes
  São duas trilhas bem delineadas pela escritora que leva o leitor a identificar e interagir com dois universos que se fundem num telúrico romance de aventura e amor, entrelaçando o nordeste brasileiro e a universalidade de um povo protegido pelo secreto segredo de sua própria raça. É o sertanejo do Seridó fundido no cigano nômade. Ou, o cigano nômade nascido sertanejo seridoense.
  Caminhando pelas 146 páginas do livro a mente vai se jogando sem receio no criadouro da romancista e identificando, a cada parágrafo, a caatinga castigada, a rusticidade do solo quebradiço pela seca, a textura das sedas, dos panos de chita, a maciez do corpo feminino da moça do sertão, a couraça do corpo masculino sertanejo, o ar quente infernal do sertão paraibano, a chuva pantaneira, o gosto ardido da cachaça, do rum, o cheiro do sangue na roupa, do sexo na carne, o riso, o choro, a solidariedade, a amizade e o amor que une pessoas tão diferentes e tão próximas da entrega e da liberdade.
  Maria Maria Gomes brinda o leitor com um romance que antes de ser um livro de aventura e paixão, é um documento de registro do povo nordestino, do sertão nordestino e dos ciganos nordestinos, especialmente aqueles que habitaram e ainda fazem morada nas terras seridoenses, como Currais Novos.

Comentários

  1. Gostaria de encher esse comentário de palminhas, aqueles emotions virtuais. Que texto maravilhoso! Essa é a síntese perfeita do romance de todos nos: Na sétima curva do sol. Obrigada, Marcus Ottoni pela sensibilidade e pela postagem em seu blog. Um abraço cigânico de Maria Maria.

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