Conjunto Frei Damião: a irresponsabilidade do Poder Público que se arrasta há décadas em Touros
(Marcus de Carvalho – jornalista)
Não é de hoje que os moradores do conjunto Frei Damião, na cidade de Touros, sofrem com a temporada das chuvas, principalmente quando chove mais do que o esperado. Ruas viram rios e residências se transformam em ilhas isolando famílias inteiras e alterando de forma cruel a rotina dos moradores do local. Todo ano o mesmo martírio, os mesmos prejuízos, as mesmas reivindicações e os lamentos de sempre daqueles que perderam, mais uma vez, tudo que conseguiram comprar com o dinheiro minguado do suor do trabalho de cada um.
O problema das enchentes no conjunto Frei Damião não é recente e muito menos desconhecido de todas as pessoas que moram em Touros, seja no próprio conjunto, em outros bairros da cidade e até mesmo nos mais longínquos distritos do Mato Grande. A Prefeitura municipal e seus ocupantes que se revezam no Poder Público, fruto de acordos inconfessáveis e alianças políticas de ocasião, conhecem mais do que qualquer um o dilema dos moradores do conjunto Frei Damião. Conhecem há muito tempo e nada fazem para solucionar de vez o problema.

São dezenas de famílias humilhadas pelo descaso do Poder Público. Em sua maioria, gente humilde que trabalha duramente para construir seu lar e viver em paz e segurança com sua família. São homens, mulheres, crianças e idosos violentamente agredidos pela irresponsabilidade da Prefeitura que empurra a solução do problema com a barriga, não de agora, mas de muito tempo atrás, e não apenas dessa gestão, mas de todas as outras que na verdade, nesse caso, são todas as mesmas, iguais na falta de compromisso com os moradores do conjunto Frei Damião e idênticas no sarcasmo com que tratam o problema.
Segundo o presidente da Associação Guerreiros em Cristo, Josevaldo Felix, cuja sede fica no conjunto Frei Damião, a situação é crítica e a solução paliativa adotada pela Prefeitura não resolve problema e, mesmo que esgote a água empossada nas ruas e nas residências, deixa descobertas as famílias que perderam tudo e que estão obrigadas a se abrigarem em casas de amigos e parentes. Ele revela que das 47 famílias cadastradas como atingidas pela enchente provocada pelas fortes chuvas deste mês, 22 perderam todos os seu móveis, roupas, documentos e praticamente suas casas que ficaram com a estrutura comprometida.

O conjunto Frei Damião é originário de uma invasão de famílias sem residência na década de 90 e foi construído em uma área nobre próximo a orla marítima. Ao longo de sua existência os moradores conseguiram transformar a invasão em um bairro da cidade e a Prefeitura oficializou a comunidade com a instalação de iluminação pública, ordenamento urbano com identificação das ruas, água encanada e cobrança do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). Durante as campanhas eleitorais, o conjunto Frei Damião e seus problemas, principalmente a falta de saneamento e as recorrentes enchentes nos períodos das chuvas, se tornam prioridades nos discursos e nas prometidas ações de candidatos que, “se eleito resolverei o problema do Frei Damião definitivamente”, dizem todos sem exceção.
O que se vê é a falácia eleitoral prevalecendo sobre a urgente necessidade de uma comunidade que vive, todo ano, o mesmo dilema sem que nada se faça para pôr um fim ao martírio de ter as ruas alagadas e as casas invadidas pelas águas das chuvas que tudo destroem, inclusive a credibilidade dos políticos que nunca cumprem o que prometem ao povo do conjunto Frei Damião.
Para o advogado Alisson Taveira, a situação dos moradores do conjunto Frei Damião é crítica nesse período de chuvas e demonstra a falta de compromisso do Poder Público local com a comunidade e a solução de seus problemas mais graves, como as enchentes das ruas e, consequentemente, a inundação das casas provocando prejuízo e desalento para centenas de pessoas que vivem inseguras e com medo quando se inicia o período chuvoso. “É preciso uma solução definitiva para esse problema. Somos solidários ao povo do Frei Damião e vamos buscar sensibilizar as autoridades para que no próximo ano essa situação esteja resolvida de uma vez por todas e esse problema não volte a ser apenas uma promessa de campanha eleitoral não cumprida”, frisou o advogado.
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