A saga do "politicuzinho" neutótico - III

Capitulo III

A infância de Ave Tirano transcorreu de forma traumática e marcou sua vida. A violência doméstica, as agressões paternas e as humilhações sofridas por sua mãe formaram um caldeirão de sentimentos confusos que fizeram do pequeno Ave Tirano um garoto marcado pelo ódio e a revolta contra tudo e todos. Assim, para amenizar seu sofrimento, Cudeiflor Mimosa optou por levar o filho para morar com parentes, afastando-o da brutalidade do pai por alguns anos. Longe da mãe e impotente para resolver aquela situação, Ave Tirano deixou-se crescer com o ódio ruminando em seu coração. Aprendeu a mentir cedo, ainda menino. E mentia para si mesmo querendo acreditar que sua família era igual a de todos os outros meninos de Zoropacity. Enganava-se diariamente sonhando acordado e dizendo para si mesmo na frente do espelho que papai e mamãe me amam e vivem em paz, alegres e felizes como todos os outros pais dos meus amigos... Repeita isso insistentemente e seguidamente que passou a acreditar que o mundo que construia no seu quarto era o real. Mas a realidade continua cruel. Borborto Flantas embrutecia a cada dia e a cada novo dia, as sessões de humilhação e violência contra Cudeiflor Mimosa aumentavam de intensidade. Um belo dia, quando Borborto Flantas, totalmente bêbado, cambaleando e abraçado a duas prostitutas tentou entrar em casa, já de madrugada e depois de uma farra de três dias, foi recebido a tiros por Cudeiflor Mimosa que, a partir daquela noite, decidira defender seu lar e sua honra a bala. Mesmo que isso provocasse uma desgraça na família, com a morte de Borboto Flantas, ou dela mesma. E deste dia em diante, Ave Tirano voltou para casa. Ainda mentia para si mesmo. Assim foram passando os dias e o pequeno menino começava a entrar na adolescência e a descobrir que o mundo oferecia muitas coisas para quem estava nele. E foi assim que a puberdade de Ave Tirano o colocou num mundo novo, cheio de descobertas e sentimentos e emoções e amores e  sexo...Esse foi um período conturbado na vida deAve Tirano. Descobertas, indefinições e conflitos de personalidade marcaram a adolescência do jovem neutótico. Foi também um período em que se acirraram os desentidimentos com seu pai. Borborto Flantas. A relação entre os dois ia a cada dia tornando-se insustentável e agressiva. Dizem por toda Zoropacity que chegaram mesmo a trocar tiros com cada um querendo dar cabo da vida do outro. Paralelo as desavenças e desentidimentos entre pai e filho, a adolescência de Ave Tirano lhe reservava surpresas que ele não imaginava. Nesse tempo, entraram na vida dele pessoas que marcariam para sempre sua existência. Um rapaz alegre que gostava de brincar de médico conhecido na cidade por Papanilzom Falo e um outro também muito bem apessoado de nome Berginho kakalapau foram íntimos de Ave Tirano. Entretanto, poucos anos mais tarde, um novo personagem entraria em cena e modificaria substancialmente o comportamento do jovem neutótico. Um negão tipo armário, dois por dois, porte atlético, despetou a atenção de Ave Tirano que jamais o tirou da cabeça pelo resto de sua vida Big Orotoxó, passou a povoar os sonhos eróticos de Ave Tirano, desde o dia em que se cruzaram no banheiro do clube de Zoropacity e Ave Tirano pode admirar a ferramenta de penetração de Big Orotoxó. Teve calafrios, suou e um friozinho matreiro percorreu toda a espinha do menino adolescente quase o fazendo desmaiar. Desta noite em diante, Ave Tirano não conseguia esquecer Big Orotoxó. Na cidade o negão que era chamado de “o pomba” tinha suas razões para encarnar o apelido. Dizem os mais íntimos de Ave Tirano que enquanto na cidade diziam que o negão era o “cão nas estrepolias sexuais”, Ave Tirano repetia para si mesmo uma nova mentira que havia inventado, na qual Big Orotoxó fazia gato e sapato do branquelo neutótico num verdadeiro festival de sadomasoquismo, quando então cantarolava perdido em pensamentos, uma musiquinha de criança que tinha como refrão: “o P é meu/ não dou pra ninguém/ P que entra/ P que sai/o P feliz me faz”. A bem da verdade, nenhum interesse Ave Tirano despertava em Big Orotoxó. Isso deixava o menino enlouqecido por não ter, nem acesso, nem intimidade com  “o pomba”. Do desejo insaciável, surgiu o ódio mortal que transformou a vida de Ave Tirano numa guerra contra o que ele considerava não um "osso duro de roer", mas um "pê duro de engolir".
(continua na próxima semana)

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