DE CULTURA...

(Marcus Ottoni)

  Nos governos municipais, ou seja, nas prefeituras, a área cultural sempre foi tratada com um certo desdém pelos prefeitos. Em alguns casos, cultura é sinônimo de megashows  pagos com cifras astronômicas, que muitas vezes mascaram o desvio de recursos públicos promovendo  a tão famosa “corrupção cultural” que engorda diversas contas bancárias e faz a alegria dos corruptos e corruptores de plantão Brasil à fora.
  Esse descaso com a área cultural é uma realidade. Não porque seja uma ação proposital dos prefeitos. É na verdade a falta de cultura dos administradores públicos que faz com que a área cultural seja relegada ao segundo plano e sempre aparece atrelada a educação de forma a negligenciar todas as ações voltadas para o verdadeiro instituto da criação cultural e suas variadas manifestações artísticas.
  Em algumas prefeituras a área cultural vem associada ao homossexualismo, como se arte fosse coisa de gay ou lésbica, apenas e tão somente. Lembro como era comum ouvir a frase “arte é coisa de viado” quando se questionava a falta de apoio para a área cultural. Mas a cultura do descaso fez história e produziu um sem números de “secretários ou coordenadores” municipais de cultura que muito pouco, ou nada realizaram para valorizar, promover e resgatar artistas e manifestações tradicionais como, também, descobrir novos talentos e novas formas da arte em todas suas variáveis criativas.
  A opção de vida de uma pessoa não é imperativa para a construção de sua competência profissional. Também não é condição “sine qua non” para a qualidade de seu trabalho e seu conhecimento sobre sua área de atuação. O que atrasa o desenvolvimento cultural de um munícipio e emperra seu crescimento e o surgimento de novos talentos é a escolha errada para um lugar tido como de pouca importância para muitos prefeitos.
  Quando essa escolha passa pelo estereotipo do promotor de cultura nos moldes do descaso ou da pouca atenção, ou da atenção dissimulada, a cultura municipal paga o preço da incompetência e do despreparo, unidos a falsa sensação de que se está agindo em benefício de toda uma comunidade promotora de cultura, seja contemporânea ou tradicional. Esse preço é o atraso, o descompasso, o isolamento cultural e o enfraquecimento das tradições municipais e do seu folclore.
  Um gestor de cultura tem que estar sintonizado com o momento mundial, com as manifestações culturais do planeta, com a sinergia dos movimentos de arte no mundo. Também tem que estar integrado com as tradições culturais do município e o folclore, suas origens, suas manifestações, seus agentes e seu passado.  Além disso, deve ter em si a convicção de que seu trabalho não é uma ribalta onde ele apresenta um show solo, tipo “stand up”, com holofotes ao seu redor e plateia para aplaudir, acerte ou erre. Um gestor comprometido com a cultura tem como foco a expansão cultural de seu lugar interagindo o ontem com o amanhã e fundindo o hoje com o que foi e com o que virá.
  O que vemos em Tibau do Sul, atualmente, é um movimento crescente na área cultural com viés expansionista tanto para as tradições como para os novos talentos e eventos. O ritmo das ações ainda não é o ideal, mas o possível nessa fase por estar rompendo os paradigmas de uma tradição de descaso e pouca atenção e investimento na área cultural ao longo de décadas de marasmo e personalismo desacerbado, caracterizado por uma política cultural de botequim, boemia, elogios e rega-bofes.
  Há determinação, dedicação e competência na nova gestão cultural do município. Há um cabedal de boas ideias valorizando todas as áreas da cultura em Tibau do Sul. E o mais importante: há disposição e incentivo para trabalhar na promoção e expansão dos movimentos tradicionais e contemporâneos que fazem da cultura um referencial do lugar e que, por isso, são atrativos turísticos e populares, merecendo destaque no conjunto de atividades promovidas pela atual administração municipal.
  Cabe a nova gestora de cultura de Tibau do Sul, buscar a inovação como forma de integração entre a sociedade e o Poder Público para que a cultura produzida no município possa ganhar espaço e projeção no cenário estadual e nacional, revelando uma cidade que respeita e preserva suas tradições culturais e que busca, incessantemente, descobrir novos talentos para que a cultura em Tibau do Sul seja sempre a roda vida da criatividade e da esperança de uma sociedade evoluída e arteira.

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