Fazer "humor negro" com a insegurança e o medo da sociedade, não é fazer mais por Natal
(Marcus Ottoni – jornalista)
Um dos episódios, entre tantos outros, que marca
negativamente a gestão do atual prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves, e de
certa forma mostra a falta de respeito dele para com a sociedade natalense, tem
como destaque os dias de terror vividos pelos habitantes da capital no final de
julho e início de agosto quando marginais dominaram a cidade, tocando terror na população e cometendo dezenas de crimes em represália a instalação de bloqueadores
de celular em um presídio no município de Paranamirim, na região Metropolitana
de Natal.
Omisso, o prefeito Carlos Eduardo assistiu ao pavor da
sociedade natalense do alto de sua arrogância sem qualquer ação efetiva e
positiva para auxiliar as forças policiais no combate à marginalidade e acabar
com a violência deflagrada contra a sociedade natalense que alterou de forma
covarde a rotina da cidade e o dia a dia de seus habitantes.
Para agravar mais ainda a sensação de insegurança e o medo
vivido pela população de Natal naqueles dias, o prefeito Carlos Eduardo Alves,
em tom de jocosidade e levianamente, durante uma entrevista numa emissora de
rádio da cidade ao jornalista Diogénes Dantas, transformou em piada de humor
negro a ação das polícias Civil e Militar dizendo que as instituições de
segurança do Governo do Estado estavam levando um “totó” da bandidagem, além de
menosprezar os policiais classificando-os como “ineficientes”.
A repercussão negativa da fala do prefeito de Natal gerou
protestos de toda ordem e de diversas entidades ligadas à segurança pública e,
ainda, de organismos da sociedade civil. Tentando remendar o “soneto do
escárnio”, o prefeito alegou ter sido mal compreendido e justificou sua omissão
na defesa da cidade num dos momentos mais críticos da história de Natal pela
falta de um convite específico do governador Robinson Faria para ele participar
das reuniões da força tarefa montada para defender Natal das ações do crime
organizado e garantir segurança a todos os natalenses.
É nos momentos de crise que se conhece o verdadeiro
administrador público, aquele que respeita sua cidade, seus habitantes e o povo
que ele representa no Poder Público, cuja autoridade para resolver problemas
independe de convites ou convocações de qualquer matiz. Não é na hora de
equilibrar finanças em tempo de economia reduzida que o gestor se projeta como
líder competente, mas em momentos em que a sociedade é ameaçada no seu direito
de ir e vir e em seu cotidiano por marginais sem qualquer escrúpulo ou valor
moral.
Nesse momento o líder político se mostra capaz quando chama para si a
responsabilidade para resolver o problema de forma eficaz e não valorizando marginais e desmerecendo as
forças de segurança, glamorizando, de forma sarcástica a ação criminosa com
tiradas jocosa e desrespeitosa para os habitantes da cidade.
Gostar da cidade, respeitar seus moradores, defender a
sociedade e promover a paz pública não é papel reservado para esse ou aquele
agente público, é ação de político que tem coragem, compromisso com a cidade e responsabilidade.
É postura de gestor que não faz do Poder Público trampolim para projetos
“políticos familiares” ou não transforma o terror vivido por uma população de
quase um milhão de habitantes em piada de humor negro com pitadas de
enxovalhamento social apenas com o intuito de marcar território junto a um provável
adversário eleitoral.
Usar o medo, a insegurança, o terrorismo urbano e ações do
crime organizado como estratégia de discurso político-eleitoreiro para levar
vantagem sobre adversários é, no mínimo, crueldade e irresponsabilidade de
quem, um mês depois, vai às ruas pedir o voto dos cidadãos que ele deixou a
mercê da bandidagem durante dias e dias por pura arrogância e vaidade.
Não é assim que se vai fazer mais por Natal.
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