Natal, a cidade brasileira onde o crime compensa..


Insegurança e medo no centro de Natal onde criminosos atuam impunemente

(Marcus Ottoni – jornalista)
  Viver hoje em dia na capital do Rio Grande do Norte é uma guerra diária para tentar permanecer vivo. Em todas as regiões de Natal o cidadão tem como companhia a sensação de insegurança e convive, seja em sua residência, no trabalho, durante o lazer ou caminhando pelas ruas, com o perigo eminente que pode, entre outras coisas, abreviar sua existência nessa vida. Natal tornou-se uma cidade onde o crime compensa...
  O centro da cidade, outrora tranquilo, atualmente é o local preferido dos marginais para suas atuações pontuais e seus assaltos a qualquer hora do dia. O quadrilátero formado pelo perímetro urbano compreendido entre a avenida Rio Branco e as ruas Ulisses Caldas, Padre João Manoel, Padre Pinto e Apodi, é o palco das ações criminosas que atingem a todos, independente de sexo, cor, idade ou condição social.
Nem os fios de energia escapam
  As ações são rápidas e geralmente os ataques aos cidadãos acontecem nos trechos onde o movimento de pedestres é pequeno e a vítima se apresenta indefesa ou distraída. Os marginais agem impunemente com a certeza de que os crimes resultarão em lucro para eles sem qualquer repressão por parte da polícia que nunca está, nunca aparece e quando é acionada via 190, nunca pode atender a ocorrência.
  As abordagens geralmente são feitas no meio da rua e tem como alvo os aparelhos celulares e de quebra, pertences pessoais como, relógios, anéis, carteiras, bolsas , etc. Nas últimas três semanas, um personagem vem causando medo na população que circula, trabalha e mora no “quadrilátero do terror” na Cidade Alta, por causa de seus ataques cirúrgicos para assaltar as pessoas. Pilotando uma moto vermelha, tipo “triton”, e usando um capacete cor de rosa, o “motoqueiro vermelho” já contabiliza mais de 30 assaltos no centro da cidade.
  Ele escolhe suas vítimas durante seu deslocamento pelas ruas do centro. Identificado o alvo, procura o melhor lugar para praticar o crime. Geralmente anda sozinho e traz na cintura uma pistola prateada que mostra para a vítima sem, contudo, empunha-la. Na lista do “motoqueiro vermelho” estão profissionais, operários, estudantes, mulheres, idosos e adolescentes que tiveram seus celulares roubados e foram ameaçados de morte pelo assaltante e  passam a conviver com o trauma do assalto.
  Mas não apenas ele assusta o centro da cidade. Há, ainda, ladrões mais ousados que invadem comércios e roubam o que podem enquanto os empresários e clientes assistem impotentes e amedrontados o desenrolar da ação marginal. Pequenos comércios, estacionamentos e lava-jatos, escritórios, restaurantes e lojas estão na rota e no alvo dos marginais que atuam na Cidade Alta. Recentemente um lava-jato foi assaltado por dois marginais que, além dos pertences dos proprietários, levaram, ainda, o carro de uma cliente que estava guardado no local.
  Outro local que está na rota dos assaltos são as ruas Vigário Bartolomeu e Vaz Gondin, entre as ruas Coronel Cascudo e João Pessoa, onde uma dupla apelidada por “Batman e Robin” atua sempre nas primeiras horas do dia quando o local está cheio de trabalhadores tomando café nos estabelecimentos localizados na área. A dupla anda em uma motocicleta e é composta por um homem moreno escuro e outro branco. Eles utilizam tocas ninjas por baixo dos capacetes e estão sempre armados com pistolas 380 com as quais ameaçam as vítimas.
  Como se não bastasse os assaltos e roubos corriqueiros no centro da capital, há também marginais que atuam no furto de fios elétricos para vender o cobre e fazer algum dinheiro para suprir suas necessidades com o vício do consumo de drogas. Na madrugada da segunda-feira, dia 17, a Loja Maçônica Filhos da Fé, localizada na rua Santo Antônio, próximo a rua Professor Zuza, teve roubado os fios externos da ligação de energia da Cosern para o prédio, algo em torno de 30 metros de fio, o que causou transtorno e prejuízo para os maçons.
  A falta de policiamento é uma realidade no centro de Natal. Na verdade, em toda a cidade. A desculpa é sempre a mesma: falta efetivo para cobrir toda a capital. Esse discurso incentiva os criminosos que encontram um cenário propício para agir impunemente e tornar a população refém não apenas da sensação de insegurança, mas da própria insegurança real que campeia em todos os bairros da cidade. A justificativa de um efetivo policial militar deficiente em quantidade soa como atestado de incompetência porque o que realmente falta é a coragem para admitir que o atual modelo de policiamento faliu e ficou ultrapassado diante da modernidade do crime organizado.
  A implantação de um novo modelo de policiamento ostensivo, com uma nova estratégia de combate ao crime e uma ação moderna e eficiente que reduza drasticamente a ação dos marginais é o que deve ser produzido pelo Governo do Estado e não maquiar projetos de outros estados cujos resultados não se revelaram nada produtivos para a redução e o combate a criminalidade no Rio Grande do Norte.
  Garantir a população, não apenas de Natal, a tranquilidade de viver em uma cidade onde se pode ir e vir com direito de sair de casa e voltar vivo e com todos os seus pertences é o mínimo que se espera de quem foi as ruas pedir o voto dos cidadãos para administrar o Rio Grande do Norte. Segurança pública e combate ao crime organizadao é obrigação constitucional do Governo do Estado.

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