Governo Temer classifica policiais do Espirito Santo como “inocentes úteis” dos grupos terroristas

(Marcus Ottoni – jornalista)
  Que me desculpe o ministro Raul Jungmann, do Ministério da Defesa no governo Temer, por não concordar com suas colocações focadas nos acontecimentos no Espírito Santo envolvendo a paralisação dos policiais militares e co-responsabilizando a categoria pelo terror vivido pela população neste início de fevereiro. Mesmo com toda admiração e respeito que tenho pelo Jungmann e por sua história de homem público - volto a registrar neste blog que é um dos mais competentes e preparados quadros do PPS -, não posso concordar quando ele coloca os policiais militares como “inocentes úteis” dos grupos terroristas que atuam no Brasil, nesse caso, no estado do Espírito Santo.
 “Ao paralisar os seus serviços e levar a saques, a mortes, a sequestros, ao aterrorizamento da população, o policial está contribuindo para o aumento da criminalidade. Ele está, tenha consciência ou não, ficando do lado dos bandidos que matam os cidadãos”. A afirmação é do ministro e desmoraliza mais ainda uma categoria que sofre historicamente uma sistemática campanha de desestabilização e desmoralização pública por organismos sociais, políticos e órgãos do Poder Público que defendem  “com unhas e dentes” os terroristas brasileiros, ou como goste de classificar o ministro, as facções do crime organizado.
 Essa colocação marginalizando os policiais militares e cangando-os aos terroristas como “inocentes úteis” na implantação do terror urbano com consequências trágicas para todos os segmentos da sociedade ordeira, em nada contribui para solucionar o verdadeiro problema da falta de segurança e da total insegurança nas cidades brasileiras, com ou sem a presença das Forças Armadas em momentos de descontrole total dos governos estaduais. Pior, depois que os militares deixam as cidades, o horror volta e a responsabilidade de combate fica nas mãos das polícias militar e civil, que fazem o que podem com as atuais condições de trabalho que lhes são dadas.
 Faz parte do jogo do “politicamente correto” declarações como as do ministro que tentam demonstrar que o governo Temer não está omisso em situações gravíssimas vividas pela sociedade de norte a sul, de leste a oeste. Mas, são colocações dessa monta que fortalecem o terrorismo e desacreditam a polícia junto a sociedade. Também não resolve o problema na sua raiz, não combate a causa e age superficialmente nas consequências. O episódio no Espirito Santo, senhor ministro, não é localizado e não se reduz a aumento de salário para os policiais militares e bombeiros. É muito mais profundo do que a vã filosofia do governo Temer, e de todos os governos que o antecederam, pode dimensionar.
 Os familiares dos policiais militares e bombeiros do Espírito Santo apenas maximizaram a indignação do povo brasileiro com a política escravagista vigente no país, da qual, o senhor é advogado e parte integrante ,já que se insere no universo político nacional e ocupa um cargo público de relevância e destaque na órbita do Palácio do Planalto. A sociedade brasileira não aguenta mais ser vilipendiada e usada como escrava para gerar recursos que garantam o bem estar e mordomias para toda sorte de ocupante de cargos público, seja eletivo, indicado, nomeado, apadrinhado ou “cumpinçado”.
 Quando os policiais do Espirito Santo cruzaram os braços revelou-se a incapacidade do governo do estado em resolver o problema porque centralizou o debate em torno de aumento de salário e lei de responsabilidade fiscal. A narrativa da crise nacional que atinge todos os estados e municípios é fruto da irresponsabilidade dos políticos que há décadas e décadas se locupletam, roubam, desviam recursos e enriquecem as custas do sangue, suor e lágrimas das famílias brasileiras, principalmente as mais vulneráveis. Esse é o problema, senhor ministro, não a insinuação de que os policiais militares do Espirito Santo e suas famílias são cúmplices “por tabela” dos grupos terroristas que agem impunemente e, muitos deles, com proteção de políticos corruptos e criminosos e instituições que recebem dinheiro dos governos para defender criminosos e desmoralizar, desacreditar e humilhar as polícias nos estados do país.
 A narrativa da crise é uma falácia. É uma mentira contada e recontada que pretende se tornar verdade para ocultar a razão do descontrole financeiro do Brasil e os estratosféricos balanços negativos que colocam o país em recessão e promove o maior arrocho salarial e desemprego na história dos trabalhadores brasileiros. Como falar de crise num país onde políticos (de todos os partidos e em todos os níveis da República) ganham milhares de reais por mês, salários que vão bater na casa dos 100 mil, além de usufruírem de benefícios que nenhum trabalhador urbano ou rural conseguirá em toda sua vida, como aposentadoria, tratamento de saúde, segurança, lazer, etc.
 Como falar em falta de recursos e lei de responsabilidade fiscal num país onde ex-de cargos executivos públicos (presidentes e seus vices, governadores e seus vices, etc) são agraciados com salários vitalícios e mordomias que vão da compra do papel higiênico ao abastecimento de veículos, viagens nacionais e internacionais, tudo custeado pelo dinheiro do contribuindo. Sem falar nos seguranças que os acompanham e outros serviçais a disposição dos exs que trabalharam apenas por no máximo oito anos, quando conseguem se reelegerem.
 Como falar em crise financeira, falta de recursos, num país onde o teto máximo de salário no serviço público é algo em torno de 40 mil reais e um desembargador federal ganha 250 mil reais por mês. Como senhor ministro? Como pode a própria Justiça não respeitar a lei e garantir a seus membros salários estratosféricos que começam lá pela casa dos 30 mil e vão, como foguete em arraia junino, subindo e estourando a conta da nação numa escala que tem vencimentos da ordem de 90, 120, 150, 200, 220 mil e por aí vai. Quantos existem no país e em quanto soma essa nababesca despesa para o contribuinte brasileiro?
 Como, senhor ministro, policiais militares responsáveis pela preservação da vida dos cidadãos e cidadãs, pela segurança das cidades e pelo enfrentamento dos grupos terroristas (ou como gosta Vossa Excelência: as facções do crime organizado), que trabalham em condições  de desigualdade com os grupos do terror, sem armamento ideal, sem treinamento, sem viaturas, sem isso, sem aquilo etc e tal, e ainda tem contra eles uma legislação produzida por políticos inescrupulosos que protege e defende os criminosos e penaliza o policial e uma mídia irresponsável que trata as polícias como se fossem a “guestapo” alemã? Como esses homens e mulheres policiais podem ser responsabilizados pela incompetência, corrupção e irresponsabilidade dos políticos?
 Não é esse o caminho para o Brasil, meu caro Raul Jungmann, a sociedade está cansada de ouvir a falácia da narrativa de uma crise financeira que só sacrifica a população, mas mantém inalterada a casta brasileira que vive faraonicamente à custa do trabalho da população brasileira, cuja indignação chegou ao limite e a gota d´água entornou o caldo no Espírito Santo. Seria interessante, senhor ministro, que na próxima entrevista o senhor proponha ao governo que adote medidas de isonomia entre a casta nacional e a sociedade trabalhadora para por um fim a narrativa temerosa de uma crise que massacra e escraviza a sociedade para dar boa vida aos integrantes da casta brasileira e seus familiares.

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