Brincando de gato e rato... e a sociedade pagando o pato

(Marcus Ottoni – jornalista)
    Desde que a criminalidade aumentou assustadoramente no país, pouca coisa se fez para combater o crime organizado (olha que não estou classificando como grupos terroristas) que atualmente não está restrito ao comércio de drogas e armas e disputa do controle absoluto das comunidades onde se instalam as bases das quadrilhas que agem livremente no Brasil em todos os estados.
  O governo federal brinca de gato e rato com os criminosos e faz de conta que os combate. A sociedade paga o pato vendo famílias serem destruídas e patrimônios conquistados com o suor do trabalho sendo roubados, alimentando a impunidade e ampliando o sentimento de impotência da sociedade frente ao caos social em que vive o brasileiro do bem, presos em suas casas e sem o direito de ir e vir com segurança.
  E na mesma pisada vão os governos dos estados que justificam suas incompetências e omissões com a falta de recursos para aparelhar as forças de segurança locais e enfrentar os criminosos em condições de igualdade bélica. Se a questão é somente a igualdade bélica o povo brasileiro está mais perdido do que cego em briga com peixeira e a situação irá de mal a pior no ritmo do impostômetro que mede o quanto de dinheiro a sociedade paga para o governo sem ter o retorno merecido, por exemplo, no combate a criminalidade.
  Ninguém se iluda, embora as autoridades públicas gostem de se auto iludir e assim acreditar que iludem também a sociedade, o crime organizado, ou como gosta de rotula-lo o ministro da Defesa Raul Jungmann: facções criminosas, vem ao longo da última década reciclando sua militância apoiado num período onde leis e posturas sociais alteraram a relação entre os criminosos, a Justiça  e a sociedade, gerando proteção quase que total para quem atua na marginalidade cometendo crimes e impondo limites legais para a ação da sociedade, do Judiciário e das forças de segurança.
  A reciclagem das “facções criminosas” brasileiras não se deu apenas e tão somente no aparelhamento bélico dos grupos que atuam no crime. Foi além e criou centros de treinamento de ações de guerrilha urbana, importando instrutores altamente capacitados de outros países com currículos de ação paramilitar invejáveis, além da retórica doutrinária-ilusionista que pinta todo marginal brasileiro como um revolucionário contemporâneo. Note-se que a marginalidade nesses casos não está restrita as comunidades periféricas de baixa renda, mas está em todas as classes sociais e centros urbanos: dos mais miseráveis aos mais abastados e atuando no recrutamento de jovens nas redes de ensino do país.
  Quem viveu nos tempos de chumbo desse país e combateu a ditadura junto com tantos outros brasileiros, sabe que o Brasil está vivenciando seu momento pré-revolução. Os sinais são claros e revelados todos os dias pelos (agora vou classificar como entendo o crime organizado) grupos terroristas urbanos que estão ensaiando o “gran finale” de uma opereta grotesca que utiliza as cidades brasileiras como palco de prova dos ensinamentos recebidos nos centros de treinamento desses grupos.
  Vale aqui fazer um parênteses e incluir nesse treinamento o reavivamento do líder comunista e fundador da Ação Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella. Baiano, constituinte em 45 pelo PCB e morto pelas forças militares em São Paulo como um dos mais temidos terroristas durante período negro da vida política brasileira, Marighella está para os grupos terroristas de hoje no país como ícone do combate ao “status quo” e a tudo aquilo que representa a alta burguesia, o capital e a dita opressão popular pelas classes mais favorecidas. Marighella é para esses grupos o que Che Guevara é para os cubanos.
  Ele é o autor da “Bíblia do guerrilheiro urbano”, um manual sobre guerrilha urbana escrito em 1969 tratando de todos os aspectos de uma ação terrorista e da formação do guerrilheiro urbano, seus objetivos, suas atividades, suas virtudes, seu envolvimento com a guerra nas cidades e o combate sistemático e eliminação das forças de segurança, sejam nacionais ou estaduais. O manual é o livro de cabeceira dos novos terroristas urbanos brasileiros. Bem verdade que atualizado e com novas ferramentas próprias do mundo globalizado que incluem armamento de ponta, tecnologia da informática e redes sociais.
  Qualquer leigo em segurança identifica nas ações realizadas por esses grupos como treinamento para uma ação geral de proporções nacionais com o único objetivo da tomada do poder central. Quem lê o manual de Marighella tem a exata dimensão do que está acontecendo e porque as ações são exaustivamente realizadas em cidades do interior. Dois motivos: praticar os ensinamentos recebidos nos centros de treinamentos e fazer fundos para o aparelhamento bélico dos grupos terroristas que precisarão estar bem equipados quando for dado o sinal verde para agir de forma unificada em todo território brasileiro.
  Enquanto isso, os governos federal e estaduais, brincam de gato e rato, discutindo medidas paliativas que nada garantem à população maior segurança que é dever do estado. Acuados pelo coletivo do “politicamente correto” imposto por leis protecionistas de criminosos e incompetentes politicamente para romper o limite da insensatez burocrática, as autoridades brasileiras (federais e estaduais) não se dão conta de que o gato carrega o guiso colocado pelo rato e a sociedade é quem paga o pato.

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