Temer não entendeu nada do que disse a voz das ruas


(Marcus Ottoni – jornalista)
  Não há nenhuma surpresa nos descaminhos que o governo de transição do Michel Temer vem seguindo. O atual presidente não entendeu nada do que disse a voz das ruas quando a sociedade encheu o país com manifestações cívicas pedindo o fim da era petista, a punição para todos (todos) os corruptos e corruptores, a limpeza ética e moral na atividade política, um Brasil em sintonia com os anseios da sociedade de bem plugado em um tempo novo com ações transparentes e o resgate dos três poderes da República.
  Também não poderia ser diferente já que o PMDB não é um partido sério e muito menos honesto do ponto de vista da atividade política – que o diga a Operação Lava Jato. Além disso, incorporou em seu DNA o gens lulopetista ao longo do convívio fraterno com o PT de Lula e Dilma que o levou a atuar como coadjuvante importante no propinoduto da Petrobrás, idealizado e posto em prática pelo Partido dos Trabalhadores com ramificações em toda a base política que sustentou a era petista no governo federal.
  Temer e seus meninos da Esplanada dos Ministérios não representa a vontade da grande maioria da população brasileira, não porque seja verdadeira sua ilegitimidade ou tenha ancorado um golpe político em seu antigo aliado, o Partido dos Trabalhadores. Não, e vale ressaltar a legitimidade do “impeachment” e a legalidade constitucional da posse do vice Michel Temer no cargo vago de presidente do Brasil com a defenestração da Dilma Rousseff, do PT, da presidência da República.
  Não havia outro caminho a não ser cumprir a Constituição e esperar - sem muita esperança-, de que o Temer marcaria esse período de transição entre Dilma e o próximo presidente a ser eleito em 2018 com ações sintonizadas com a voz das ruas. Mas falou mais alto o DNA incorporado do PT e suas intenções corporativistas jogando por terra o que a sociedade acreditava ser a ponte entre o Brasil do lulopetismo e o novo Brasil dos brasileiros. Prevaleceu a mesmice demagógica e o desrespeito ao povo brasileiro. Sem muita surpresa, é claro.
  Na falácia de um “Brasil: ordem e progresso”, o governo Temer cooptou nova legenda até então imune ao lulopetismo e sua prática predatória do patrimônio público nacional, que hoje integra o primeiro escalão do poder federal e faz coro aos desmandos do governo do PMDB. Que o Brasil foi enfiado num enorme buraco negro durante a era lulopetista não é novidade para ninguém. Mas o PT não é o único responsável pelo caos econômico e social do país que gerou milhões de desempregados, estagnou a economia nacional, dilapidou o patrimônio público e criou o monstro do cartel empresarial da corrupção. 
  Todos os partidos que integravam a base de apoio político do PT não foram enganados nesse desmonte nacional – PMDB, PDT, PP, PRB, PR, PSD, PSB, PCdoB, PSOL e tantos outros “pês” com representação no Congresso Nacional . Participaram ativamente das manobras espúrias do lulopetismo, tanto na esfera do Executivo, como no Legislativo, nos governos estaduais e municipais em todo o território nacional por livre e corrupta iniciativa com garantia de impunidade explícita.
  São os mesmos que participam do atual “governo de transição” que conta, ainda, com novas adesões, cujo envolvimento com o governo Temer desmoraliza um histórico de lutas em defesa do povo brasileiro e suas riquezas e direitos e revela a prática condenável da troca de apoio político por cargos na máquina estatal como forma de abrigar militantes e quadros partidários desempregados na iniciativa privada, mas alçados a condição de parasita publico para aparelhar o partido junto as bases municipais e estaduais.
  Não há o que esperar de um governo que trilha o mesmo caminho do seu antecessor, apenas seguindo por estradas paralelas com nova folhagem e pavimentação diferente. Até hoje,  nove meses depois de assumir o governo federal, Michel Temer mostrou que a grande preocupação da sua gestão é atravessar esse  período, de sua posse até a eleição de 2018, sem revelar para a sociedade as verdade sobre o Brasil da era lulopetista, passando o país a limpo e dando transparência a gestão pública brasileira. Por exemplo: tornar público os contratos do BNDES com as empreiteiras para obras no exterior, ou, a verdade sobre o INSS incluindo as 500 empresas sonegadores da previdência e as medidas para receber o dinheiro devido. 
  Não o faz porque a mesma base política que ajudou o PT a desgovernar o Brasil é a que manda no governo Temer. Um governo de compadrio, tão demagógico como o anterior, que não irá tirar o país do caos. Apenas remediará o legado lulopetista fazendo ouvidos de mercador ao grito da sociedade que encheu as ruas desse Brasil com a  esperança de um país melhor, mais justo, ético, transparente, soberano e livre da politicanalhagem nacional e da impunidade das “autoridades” com foro privilegiado.
  É pena ver um partido histórico aplaudindo e defendendo o que foi combatido duramente pela sociedade nas ruas do Brasil, apresentado agora com uma nova roupagem, mas com a mesma finalidade da era lulopetista. Ou é a decrepitação das lideranças nacionais, infelizmente, ou é a desmoralização da história partidária. Lembrando que Michel Temer não é Itamar Franco, embora ambos sejam consequência de um “impeachment”. Entre eles, existe a institucionalização da corrupção com apoio e participação do PMDB.

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