A diferença entre a sociedade e as “autoridades” vítimas do crime no estado

(Marcus Ottoni – jornalista)
  É lamentável constatar que as ditas “autoridades” do Rio Grande do Norte só se manifestam e exprimem suas indignações e preocupações quando a corda arrebenta para o lado deles. Se assim não for, pouco se importam com o que acontece com a “plebe rude” que gera os tributos que custeiam, entre outras coisas, suas seguranças armadas para defesa de suas vidas e de seus familiares.
  Enquanto os “terroristas urbanos” com atuação no estado tocavam o horror na sociedade civil desprotegida e assustada, roubando, assaltando, seqüestrando, assassinando e humilhando donas de casa, pais de família, trabalhadores, estudantes e até adolescentes, as ditas “autoridades” faziam mímica como os “três macaquinhos” que não ouvem, não vêem e não falam, embora conheçam o medo e o terror que se apossou da sociedade por culpa da omissão, incompetência e irresponsabilidade de um governo que disse que faria e nada faz para garantir a ordem, a segurança e a vida de todos que vivem no Rio Grande do Norte.
  E não apenas do Governo do Estado, mas também do Poder Judiciário e da Assembléia Legislativa. Como os “três macaquinhos”, o Governo não vê; o Judiciário, não fala; e o Legislativo não escuta. São todos eles culpados pelo atual estado de beligerância urbana que encarcera e amedronta os cidadãos de bens, suas famílias, que destrói seu patrimônio e coloca um ponto final na vida daqueles que lhe são queridos. 
  Ao longo desses oito meses de 2017 o que se viu foi o brutal aumento da violência e da criminalidade no Rio Grande do Norte sem que nenhuma ação efetiva para estancar essa sangria social fosse adotada pelo Governo Robinson Faria ou por qualquer “autoridade” dos outros poderes no sentido de buscar soluções reais e práticas para que a sociedade tenha seu direito a segurança e a vida garantidos pelo Estado que não é apenas o Executivo, mas e fundamentalmente o Legislativo e o Judiciário. 
  A omissão não é apenas daquele que comanda as forças de segurança estadual, mas dos integrantes dos três poderes republicanos que compõem o estado do Rio Grande do Norte. A responsabilidade é do conjunto dos poderes e a irresponsabilidade pela inércia também entra na conta deles. Mas, no final, quem paga o pato é a sociedade que mantém essa casta intocável em segurança e protegida dos males que assolam a “plebe rude” e coloca a população na zona de mira da criminalidade, enquanto as “autoridades” e seus familiares permanecem na zona de conforto imunes as ações dos terroristas urbanos.
  A mudança de comportamento das “autoridades” se dá quando o terror atinge diretamente os próprios integrantes da casta, ou seus familiares, ou o patrimônio faraônico que ostentam, protegidos pela segurança garantida com recursos dos tributos pagos pela sociedade cujo crime organizado faz refém de sua política de terror e medo para consumar sua ideologia criminosa e montar territórios próprios para seus negócios ilícitos.
  Nesses casos, a casta se mobiliza e berra como gado ferido a ferro quente e se coloca como mentor de ações em defesa da sociedade desprotegida e desamparada pelo desdém público dos três poderes republicanos que são, e serão sempre, indivisíveis na garantia dos direitos dos cidadãos e no exercício pleno da cidadania, embora mantenham, constitucionalmente, suas independências administrativas.
  O que se viu nesse início de semana do mês de agosto é a prova de que a casta social dos três poderes só age quando é ameaçada em seus direitos, que são os mesmos direitos do cidadão comum, mas que não tem importância para as “autoridades” porque as ações criminosas não as atingem quando são voltados para a população ordeira e trabalhadora. Além dessas “autoridades” entram em cena entidades de classe que se mantinham silenciosas até que o momento se tornou propício para os holofotes porque a vítima, ou as vítimas, deixaram de ser o pai de família, a dona de casa, o estudante, o trabalhador, o adolescente, e passaram a ser as “autoridades” omissas e irresponsáveis no combate ao terrorismo urbano.
  É lamentável que um problema de tamanha gravidade só se torne alvo de ações dos poderes públicos, ou da atenção dos membros dos três poderes republicanos do Rio Grande do Norte e de entidades classistas, a partir do momento que as “autoridades” sejam fragilizadas pelas ações dos criminosos e não antes, quando a vítima, e o foco dos terroristas urbanos, era, e ainda é, a sociedade civil desamparada e desprotegida pelas mesmas autoridades públicas que agora passam a fazer parte da triste estatística que mancha a história do Rio Grande do Norte e toda uma geração de agentes públicos que se omitiram quando a sociedade potiguar mais precisou deles.

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