Pai nosso de cada dia... é sempre dia de comemorar o dia do melhor amigo

Jornalista Antonio Ottoni - (foto arquivo de família)

(Marcus Ottoni – jornalista)
  O "dia dos pais" é sempre comemorado no segundo domingo de agosto. Na verdade é para ser um domingo como outro qualquer se os seres humanos fossem normais e não meros consumidores nas estatísticas da entidades de comércio e protagonistas do aumento nos lucros nas empresas que vendem produtos masculinos na imensa variedade de artigos que alegram os empresários, iludem filhos e filhas e alegram pais com características mais materialistas do que espirituais.
  Se levarmos em consideração de que o “dia dos pais” é um dia consagrado no mundo cristão como o dia para homenagear São José, pai de Jesus Cristo, temos uma boa razão para não mergulhar de cabeça na comercialização da data e frear a ganância dos empresários que também são pais e que, evidentemente, ganham presentes materiais no dia dedicado ao chefe da família, que, não necessariamente, reflete o espírito cristão da homenagem ao pai de Jesus.
  Mas, como todo mortal que se preze, presente é sempre bem vindo, seja em que data for. E, mais para quem recebe do que para quem dá, a lembrança comercial é um reconhecimento de que o pai é pai e por ser pai merece ganhar presente no "dia dos pais". Tudo muito bom, tudo muito bem. Mas todo dia é dia do pai. A diferença está apenas no quesito presente material que engorda o lucro dos comerciantes e apazigua a alma do presenteador pelos dias em que o pai não foi lembrado, geralmente na maioria dos dias do ano, com ou sem razão pelo esquecimento.
  Convenhamos que o “dia dos pais” é uma armadilha empresarial para faturar mais e colocar em evidência sentimentos ocultos que se transformam em estórias de vida cheias de emoções e lembranças de toda forma, as vezes pouco ou nada agradáveis, mas que reforçam a necessidade midiática em compensar o descaso familiar com objetos que glamorizam a falsa imagem de que só se ama quando se dá presente material para aquele que dizemos, ou não, que amamos. Assim, os pais se tornam motivos para que os filhos gastem dinheiro e enriqueçam os empresários, numa demonstração inútil e inócua de sentimentos ilusórios.
  Dar presente é um ato de afeto, é verdade. Mas quando essa prática não se apresenta obrigatória e coletiva por causa de apelos midiáticos massificados pelos órgãos de comunicação com estórias de famílias cujos pais são sempre os protagonistas de acontecimentos que atingem a sensibilidade alheia, concretando na alma da população a necessidade de demonstrar amor e afeição por meio de um presente adquirido no comércio ou de uma lembrança comprada por mais barata que seja.
  Amor e afeto são próprios dos seres humanos e não precisam serem demonstrados por meio de bens materiais. Eles são inerentes ao sentir e gostar apenas por gostar e sentir. Nada mais do que isso. É bem verdade que, ao longo da vida e com todos os dragões que enfrentamos diariamente, muito desse sentir e gostar vai se espatifando pelos anos com a crueldade com que a vida nos trata, independentemente de cor, credo, raça, opção sexual ou ideológica. 
  Endurecemos nossa alma e petrificamos nosso coração. Assim, o gostar e o sentir vão se transformando em algo pequeno e escondido que, sabiamente, é despertado pelos empresários para comercializar sentimentos que não carecem de bens materiais para serem expressos pelos seres humanos, todos nós. Por isso, a distorção na comemoração do “dia dos pais” e em todos os outros dias que marcam o calendário dos comerciantes em todo o planeta, é real e agressiva do ponto de vista do gostar e sentir.
  Bom... o que estou tentando dizer nesse artigo é muito simples: o melhor presente para se dar a um pai é a gratidão por sabe-lo vivo e presente em nosso dia a dia, mesmo que já tenha feito a passagem. Uma abraço, um beijo, uma palavra... Não apenas em um domingo de agosto, mas todos os dias do ano. Também é o melhor presente para se dar ao filho, a mãe, aos amigos. 
Feliz dia do pai nosso de cada dia...

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