Fátima e Garibaldi: a chapa do lulopetismo para disputar o governo do RN

Michel Temer (PMDB) e Lula da Silva (PT)

(Marcus Ottoni – jornalista)
Não se admire se na eleição deste ano para o governo do estado o Partido dos Trabalhadores se apresentar ao eleitor potiguar numa chapa majoritária composta pela senadora Fátima Bezerra (PT), candidata ao cargo de governadora, fazendo dobradinha com o senador peemedebista Garibaldi Filho, como seu vice. Essa é a chapa do lulopetismo ideal para acomodar gatos e ratos no mesmo ninho e agradar a gregos e troianos da política local.
Os mais incrédulos irão argumentar que é impossível essa composição porque vai de encontro a todo mantra falacioso do “golpe de 2016” que defenestrou da presidência da República a então ocupante do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, e colocou como legado do lulopetismo o seu vice, Michel Temer, do PMDB, demonizado pelas forças da esquerdopatia nacional como o “vampirão do Planalto”. Tem verdade nessa colocação, mas não totalmente. 
O Partido dos Trabalhadores sabe que 2018 será uma das piores eleições que o partido irá participar nos últimos 20 anos. Nem mesmo quando o Lula da Silva ainda era o político truculento, autentico e agressivo, o partido passou por momentos tão cruciais para sua existência como agremiação de esquerda como agora. O desmonte do esquema de corrupção institucionalizado pelo PT no Governo Federal expos as entranhas de um Poder desmoralizado como nunca na história da República e um partido político infiel a seus princípios e traidor da nação brasileira.
A descoberta do propinoduto petista desencadeou, não apenas a desconstrução do próprio partido como agente popular de transformação social, como, também, desmascarou seus principais líderes, transformando aqueles que antes de 2002 eram tidos como heróis do povo brasileiro em criminosos da pior espécie da horda de marginais do país, indignando a sociedade e despertando a consciência de que tudo está errado na política brasileira, principalmente quando se trata dos representantes eleitos pelo voto, hoje vistos pela maioria da população como horda de criminosos sem escrúpulos (com raras e honrosas exceções).
A ira do lulopetismo no caso do impeachment da presidente petista Dilma Rousseff não é porque ela foi apeada do Poder e desmoralizada durante o processo. O petista que elegeu Dilma em 2014 e antes em 2010, também elegeu Temer e com ele conviveu até 2016 quando, numa estratégia de sobrevivência e na louca tentativa de reverter o desejo da sociedade brasileira de ver Dilma fora da presidência, criou-se o mantra do “golpe” e a demonização do atual presidente do PMDB. Temer é tão culpado por tudo como o Lula e a Dilma. 
Mas, voltando ao Rio Grande do Norte. A chapa ideal para o lulopetismo e para o peemedebismo, local e nacional, é Fátima e Garibaldi no mesmo palanque e juntos na urna eletrônica, como ocorreu, em nível nacional em 2010 e 2014: PT e PMDB unidos e aliados. E por que é a chapa ideal para Lula e Temer? Porque cria a perspectiva de vitória eleitoral e coloca o PT em destaque com um governo que pode importar líderes petistas para funções de primeiro escalão garantindo foro privilegiado aos investigados pela Justiça (caso o tal foro privilegiado permaneça como está).
Por ouro lado, a chapa Fátima-Garibaldi acomoda interesses dos grupos envolvidos nessa engenharia de união entre PT e PMDB no Rio Grande do Norte, garantindo respaldo político para Fátima junto a Assembleia Legislativa e, também, junto ao novo Congresso Nacional com a eleição de uns mesmos e a renovação de pouco mais de 30% dos deputados federais. Nessa linha, a chapa se torna plenamente viável para sua consolidação apostando numa retórica eleitoral da união de todos os “políticos responsáveis” para salvar o estado da tirania incompetente do Robinson que disse que faria e nada fez, a não ser destruir o Rio Grande do Norte e criar o caos administrativo na gestão pública estadual.
Alguns exemplos de acomodação e atração de forças políticas externas para apoiar a dobradinha Fátima-Garibaldi. Abriria, natural e diretamente, uma vaga no Senado com a entrada de Garibaldi como vice na chapa. Com a vitória de Fátima o PT não perderia sua cadeira no Senado, podendo, até mesmo ampliar sua bancada. Também estaria consolidada a eleição do deputado Fernando Mineiro como deputado federal ao lado do pupilo de Garibaldi, Walter Alves, que retornaria a Casa reeleito.
Outro dado importante é a possível candidatura a governador do prefeito de Natal, sobrinho de Garibaldi. A composição PT/PMDB não teria problema em cooptar o prefeito da capital para disputar a vaga do tio no Senado da República, retirando-o do páreo e garantindo a máquina da prefeitura de Natal para “moer” para o tio e a senadora petista. Além disso, já é certo que na região metropolitana da capital algumas lideranças com densidade eleitoral de alguns municípios já se posicionaram em favor da candidatura de Fátima Bezerra ao governo.
O projeto tem foco na derrota de três atuais deputados federais: Rogerio Marinho (PSDB), Fábio Faria (PSD) e Felipe Maia (DEM); e do senador José Agripino (DEM). Para isso é necessário ao PT, quer goste ou não, se unir a uma tradicional força política do Rio Grande do Norte que se contraponha eleitoralmente a esses políticos e com densidade para vencer a eleição e assumir o Governo do Estado. Só e aliado apenas com a esquerdopatia potiguar (PSoL, PCdoB, entre outros de menor expressão) e os sindicatos sob controle da CUT, além do MST, o PT não vulnerará eleitoralmente e pode até ficar em segundo lugar na apuração final.
Pois é, não se admire se num dia de outubro você entrar na cabine eleitoral e lá estiver a dobradinha Fátima (PT) – governadora e Garibaldi Filho (PMDB) – vice governador, a chapa 13/15, que no jogo do bicho é a chapa galo e jacaré...
Já no plano nacional... nada é impossível na política. “Política é como nuvem, você olha e ela está de um jeito. Piscou, ela já está diferente” como dizia Magalhães Pinto.

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