Psicografando Dona Clarisa


(Marcus Ottoni – Jornalista)
Eu juro que me surpreendi com essa minha nova descoberta. Fiquei embasbacado comigo mesmo depois que tomei conhecimento, por livre e espontânea encarnação, de que eu possuo o dom de visões extra-sensoriais que podem ou não se concretizarem num futuro próximo ou num distante tempo tão longe que nem eu mesmo sei se acontecerá. Mas fiquei surpreso, atônito mesmo, impressionado, e, diga-se maravilhado com a novidade de minha alma e desses poderes que só são atribuídos aos grandes magos e pajés das diversas tribos do planeta espalhadas por todos os continentes. Em transe, ainda estou, confesso.
E aconteceu assim, depois de algumas cervejas num lugar considerado antro da esquerdopatia potiguar, enfumaçado de fumaça de cachimbo de índio, cheio de conversas atravessadas e paralelas de elementos de raças diversas, gêneros multidefinidos, classes sociais de alto a baixo (esquerdopata detesta capitalismo mas está sempre usando objetos feitos pelos oprimidos do sistema burguês), sem religiões (esquedopata não tem religião, mas dá Graças à Deus e se benção quando consegue algo de bom na vida), enfim, na mais popular alcova dos avermelhados e assemelhados da pior espécie que a política tupiniquim já produziu em mais de 500 anos.
Mas lá estava eu atravessando uma subzero (cerveja de baixo teor alcólico), entretido no meu pensar de devaneios desempregados de qualquer matiz e fui ouvindo, ouvindo, ouvindo até que minha mente entrou num redemoinho de sugestibilidade contemporânea no estilo politicamente tudo errado e fora da linha que me deixei levar por aquela sensação de torpor que me envolveu. Ao longe, as vozes iam diminuindo de tom, semi tom, tons de todos os 200 cinzas e lá fui eu envolvido pelo mantra do “isso sem aquilo é gôpi!”. E fui como rastegue de postagem de rede social.
Foi então que meu coração se acalmou e uma voz melodiosa, suave, mansa tomou conta de minha mente, fez rodopiar minha cabeça e meus sentidos foram pro espaço mais rápido do que um esputinique russo. Nesse ponto, uma forte luz explodiu diante de mim. E da luz surgiu as trevas, não minto, na luz apareceu uma senhorinha doce, cabelinhos enroladinho como canudinhos de canapé, olhos grandes e uma bocarra vermelha da cor da bandeira do PT. Olhou-me e docemente me disse: “Nada temas, com Clarisa não há problema!”. Eu já tava naquele embalo mesmo e disse pra mim: “Com problema ou sem problema, já to aqui mesmo, então vamos na “wave” até onde der onda”.
Pois bem, a tal assombração da Clarisa me colocou sentado numa espécie de tamborete de espuma e disse que eu prestasse atenção na revelação que iria me fazer, porque ela estava muito preocupada com um dedo mindinho que escapou de uma mão e que agora queria ir buscar o que deixou para trás. Arregalei os olhos, esfreguei as costas das mãos neles e disse: “arroche!”. E pense numa psicografada demorada para revelar o tal plano do dedo mindinho para recuperar o resto do corpo.
Disse-me então a Dona Clarisa: “Há um movimento muito feio que estão fazendo para colocar fim nas ratazanas que ainda correm pelo chão do Brasil em busca de queijo ou pão para sobreviver. São terríveis esses monstros que perseguem as ratazanas. E o alvo é o Dom Ratão, a mais perseguida, muito mais do que pepeca de menina moça. Mas as ratazanas que querem sobreviver já pensam em se livrar do Dom Ratão e estão tramando manda-lo para o lado de cá, onde não é tão ruim quando se chega aqui. Tem um vermelhinho que manda em tudo e que enche o saco da gente certas horas. Mas deixa quieto que o sal dele tá a caminho”.
Eu não entendia nada e pensava comigo: “não era a visão do dedo mindinho que ia resgatar o corpo que deixou na terra? Então porque as ratazanas entraram na visão do dedo mindinho e querem comer o Dom Ratão?”. Foi quando Dona Clarisa me chamou a atenção dizendo: “Presta atenção, se não ponho um ponto final nessa visão. Depois junta as peças que você entenderá”. Pronto, sermão dado, dúvidas esclarecidas e atenção reconduzida ao foco da visão. 
Dona Clarisa continou: “As ratazanas vão armar um gôpi (êpa! Gôpi quem fala é a senadora Fátima Bezerra) para tirar o Dom Ratão da parada e fazê-lo mais idolatrado do que aquele mineiro que as ratazanas mandaram pra cá antes mesmo dele tomar posse, lembra? Pois bem, as ratazanas estão tramando despachar Dom Ratão lá pelo mês de maio, tipo perto do dias das mães, para que eles possam embalsamar Dom Ratão e levar o corpo dele pelo país promovendo grandes manifestações populares com direito a choro, vela, cordão de foliões desassistidos, as esquerdinhas mal-amadas e os esquerdinhas aloprados das faculdades e institutos de educação, mulheres, crianças e todo o povo que puder chorar no caixão de Dom Ratão, mesmo que para isso tenha que ser farta a distribuição de mortadela e pinga”.
Nesse ponto ousei interromper Dona Clarisa e perguntei: “Não é bom que as ratazanas desovem o Dom Ratão?”. Rispidamente ela me respondeu: “Dom Ratão é o construtor de todas as falcatruas e roubalheiras. Se ele apagar, as ratazanas vão destruir todos os pecados dele e ainda usar o pobre coitado como moeda eleitoral para se manterem onde estão e com possibilidade de retomar o controle da roubalheira e da propinagem, sepultando todo o legado de Dom Ratão e vivendo da memória dele. Igual aquele barbudão da ilha fez com o argentino. Mandou ele pro matadouro e viveu as custas da imagem dele até hoje”. Entendi.
Nesse momento, antes que Dona Clarisa pudesse continuar me detalhando a visão, um barulho enorme no antro dos esquerdopatas apagou tudo e sumiu com Dona Clarisa e meu poder de receber mensagens extra-sensoriais. Quando dei por mim, estava sentado sozinho na mesa do canto e, no salão, a esquerdopatia dava urras e mais urras não sei bem pra quem ou porque, mas que urravam como jegues nas manhãs nordestinas, urravam de verdade. Na verdade, atitudes dos esquerdopatas não fazem muito sentido não. Eles são como boiada caminhando a esmo sendo tocada pelo berrante da inutilidade e da mentira.

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