Coronel Azevedo: a “mosca azul” e a crônica de uma derrota anunciada

(Marcus Ottoni – jornalista)
Nos últimos dias um novo nome aparece no rol dos pré-candidatos a governador do Rio Grande do Norte. O coronel Azevedo, ex-comandante da Polícia Militar e defenestrado do cargo pelo atual governador Robinson Faria é o novo pré-candidato a chefe do Executivo estadual. Antes, era pré-candidato a deputado estadual e, talvez picado pela mosca azul venenosa da política tupiniquim, começa a desenhar um voo mais ousado. Ou quem sabe, induzido por índices pouco confiáveis de pesquisas que refletem o atual momento indefinido de candidaturas e alianças partidárias.
Coronel Azevedo
Talvez o coronel e seus correligionários estejam embarcando na onda “bolsonariana” onde se crê que toda a sociedade, principalmente a ala militar, vai depositar na urna o voto de cabo a rabo no 17, como dizem ser a estratégia do partido do capitão Jair Bolsonaro aqui no Rio Grande do Norte. Coisa pouca provável de funcionar, aja visto que o PSL/RN não tem cacife para emplacar um discurso fechado de presidente a deputado estadual no número da sigla.
Como representante da Polícia Militar, cujos méritos do coronel Azevedo são indiscutíveis, ele seria um dos grandes nomes da corporação na Assembleia Legislativa, contribuindo significativamente para avanços e conquistas para os policiais militares e bombeiros, porque é da casa e conhece muito bem a instituição, suas deficiências, suas necessidades e suas reivindicações. Seria o elo entre a corporação e a política legislativa com interferência positiva no Governo do Estado, fosse quem eleito seja no primeiro turno, em outubro, ou no segundo, em novembro.
Mas, a mosca azul o picou, parece. Como candidato a governador o coronel Azevedo estará investindo numa aventura inglória que não deve lhe proporcionar mais do que uns 20 mil votos e o regresso ao ostracismo político, tornando-se uma voz sem caixa de ressonância na esfera estadual. E como ficaria o coronel e seu partido num eventual segundo turno com a disputa entre dois dos três principais concorrentes: Carlos Eduardo (PDT), Robinson Faria (PSD) e Fátima Bezerra (PT)? Estaria ele disposto, e o seu partido, a seguir a ordem unida de um desses candidatos transferindo seus votos para um deles?
Não, claro que não. Pela coerência do coronel e pela determinação do PSL Nacional de não se unir a nove legendas partidárias em todo o território nacional, embora permita aliança com o PSD de Robinson e o SOLIDARIEDADE do Paulinho da Força Sindical. Então se tornaria um zero à esquerda, inutilizado politicamente pela aventura desastrosa de trocar um mandato de deputado estadual com possibilidades de êxito eleitoral por uma aventura nas asas da mosca azul do PSL/RN. Ou seja, obediência militar levando ao sacrifício uma carreira promissora como parlamentar do Rio Grande do Norte.
Argumentações de que a “família PM” estaria fechada com o coronel Azevedo é uma falácia despropositada e apenas “doura a pílula” para afasta-lo da disputa de deputado estadual. É verdade que a tendência (eu escrevi tendência) dos policiais militares e bombeiros é votar no deputado Jair Bolsonaro para presidente, mas daí a cravar o voto em todos os candidatos do PSL vai uma distância astronômica. Principalmente porque o partido não tem um discurso inclusivo eleitoralmente e apenas opera na desconstrução política dos adversários sem qualquer consistência programática e uma abordagem realista dos graves problemas por que passa o Rio Grande do Norte e as soluções que resolverão essas questões.
Torna-se, do ponto de vista eleitoral, uma aventura amadora a partir da crença de que a indignação da sociedade com a classe política vai promover um desaguadouro de votos nos candidatos do partido de Jair Bolsonaro. Ilusão de quem desconhece o sistema dos poderosos no Rio Grande do Norte ou não tem maturidade suficiente para compreender que em política, a teoria muitas vezes não corresponde à realidade dos resultados. 
A candidatura do coronel Azevedo para o governo do estado é, me parece, um deslocamento proposital do partido para abrir espaço para outro candidato mais alinhado a direção partidária que, concorrendo com o coronel Azevedo na disputa para a Assembleia Legislativa seria apenas o segundo cavaleiro das vaquejadas, aquele que bate esteira para o companheiro derrubar o boi na faixa. Na verdade, acredito que a ausência do coronel Azevedo na nominata do PSL/RN para a Assembleia Legislativa fará dos outros candidatos “batedores de esteira” para aliados do PSDC, PV, Patriota e PSC.

Comentários

  1. Tá sabendo de mais e deve tá preocupado afinal Azevedo ameaça alguém dos 3 poderes

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