Fátima Bezerra, a terceira mulher que governará o Rio Grande do Norte

Deputado Fernando Mineiro e a senador Fátima Bezerra (foto:Sarah Wollermann)

(Marcus Ottoni – jornalista)
A senadora Fátima Bezerra (PT) deverá ser a terceira mulher a governar o Rio Grande do Norte, depois de Wilma de Faria e Rosalba Ciarlini, a partir de 2019. Embora seu partido enfrente uma tsunami de denúncias de corrupção, prisões de importantes líderes petista e condenações de políticos do primeiro escalão do lulopetismo, inclusive com a condenação e prisão do ex-presidente Lula da Silva, principal ícone do partido e detentor de uma popularidade ímpar no país, Fátima tem uma estrada eleitoral bem pavimentada no Rio Grande do Norte que deverá leva-la ao Governo derrotando as tradicionais forças oligárquicas do estado.
O Partido dos Trabalhadores no Rio Grande do Norte tem seu histórico à margem das ilegalidades que envolvem o PT nacionalmente e desfruta da simpatia e apoio de grande parte do eleitorado potiguar, não apenas nas áreas periféricas e carentes das cidades, mas no segmento intelectualizado e na juventude secundarista e universitária, principalmente na massa estudantil hospedada nos Institutos Federais implantados no Rio Grande do Norte graças a mão da senadora petista.
Além disso, o PT potiguar e a senadora em particular, estão umbilicalmente ligados a uma grande rede sindical e a movimentos com bandeiras na área rural e nas minorias sociais cujo potencial de mobilização e influência na sociedade é, indiscutivelmente, devastador do ponto de vista eleitoral, porque representam um exército de voluntários prontos para entrar na guerra do partido sem medir esforços para derrotar os adversários a todo custo, a qualquer hora e de qualquer forma. 
Um ponto positivo e louvável no lulopetismo é a fidelidade partidária e ideológica dos militantes petistas. São soldados da causa do partido e não abrem mão de suas posturas políticas e das ações desenvolvidas para manter a coerência da linha ideológica e da disciplina interna da legenda, blocada na unidade e lealdade aos princípios doutrinários do lulopetismo e na defesa intransigente do socialismo defendido pelo partido em todas as suas instâncias.
A coerência política é outro detalhe que vale a pena destacar, por ser ela o viés histórico do PT e da senadora Fátima Bezerra em sua trajetória parlamentar. É bem verdade que o partido já esteve aliado a figuras oriundas das facções oligárquicas da política local, ora apoiando candidaturas e ora recebendo o apoio para candidaturas própria do PT, como no caso da disputa pela prefeitura de Natal pela então deputada estadual Fátima Bezerra, em 2008. 
Em 2014, o PT participou e foi fundamental para a eleição do atual governador Robinson Faria. Em abril de 2016, abandonou o governo que optou pelo impeachment da ex-presidente petista Dilma Rousseff, traindo o PT e a líder do partido no Rio Grande do Norte. A senadora Fátima Bezerra liderou o desembarque do governo Robinson Faria e o partido tornou-se oposição entregando todos os cargos na administração estadual e a liderança do governo na Assembleia Legislativa exercida pelo deputado Fernando Mineiro de 2015  até o rompimento.
A possibilidade real de que Fátima Bezerra se eleja governadora do Rio Grande do Norte tem assustado os políticos tradicionais e oligárquicos que desfrutam do Poder Público há anos num promiscuo troca-troca que se estende por décadas de poder e desmandos no comando da administração pública estadual. As tratativas e montagens de alianças políticas no universo das oligarquias estaduais promovem uma verdadeira troca de “identidades ideológicas” revelando um grande balcão de negócios espúrios que formalizam acordos e adesões de última hora nas duas correntes tradicionais da política norte-riograndense, cujos interesses inconfessáveis de mando e poder se confundem suprapartidária e moralmente.
A ideia dos oligarcas potiguares para se manterem no Poder é cristalina como água de nascente: criar no imaginário coletivo a polarização entre eles, centralizando as atenções do eleitorado e excluindo do processo eleitoral outros candidatos com potencial para atrapalhar o troca-troca de oligarquias na administração pública do estado. Por isso será mais do que comum o eleitor encontrar junto a Robinson Faria, nesta eleição, aqueles que estavam contra ele em 2014. Da mesma forma, muitos que estavam a favor do atual governador migraram para a outra candidatura oligarca produzindo a “dança dos oportunistas”, versão 2018, das inescrupulosas oligarquias potiguar. 
O PT, por sua vez, mantém sua principal característica política: a unidade ideológica. Além disso, e graças ao malfadado governo Temer, o partido e a senadora vêm ampliando o raio de popularidade de sua candidatura, usando nesse sentido, as medidas impopulares do governo federal, os descaminhos e desmandos do governo estadual, e o mantra do “golpe” com sinfonia de perseguição política contra os líderes do partido, leia-se Lula da Silva, orquestrada pelos poderosos da “Casa Grande” que promovem a miséria da população mais humilde, a escravidão social, a discriminação das minorias e a volta da ditadura militar.
Ingredientes ideais para a vitória em 7 de outubro de uma candidatura populista para um eleitorado a espera de uma liderança capaz de levar para o Poder Público os humilhados e descamisados e garantir os benefícios conquistados pelos excluídos durante do governo do ex-presidente Lula da Silva, condenado e preso em Curitiba.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Sinsenat pode ser alvo de investigação por suspeita de desvio de recursos

Gildo da Costa Dantas lança livro sobre os minérios do Rio Grande do Norte

Uma pesquisa de intenção de voto do FSB pesquisa com cheiro podre de fraude