PSL/RN: inferno astral ou a dança do crioulo doido?

(Marcus Ottoni – Jornalista)
O partido do presidenciável Jair Bolsonaro no Rio Grande do Norte, PSL/RN, parece estar vivendo nos últimas semanas o seu “inferno astral” ou dançando o “samba do crioulo doido”. Ao que parece seus dirigentes não conseguem dimensionar a órbita do partido no planetário político do país e vão, como meteorito descarregado na galáxia, tornando-se uma sigla inexpressiva no jogo eleitoral potiguar.
A ideia, segundo alguns filiados, era marchar em chapa própria com candidatos em todos os cargos eletivos, de presidente à deputado estadual, deixando o eleitor com a alternativa de dar seu voto a um grupo de cidadãos, militares ou não, alinhados com as posições do deputado federal Jair Bolsonaro e lincados na transformação do país, com a construção de um novo Brasil, sem a “ameaça vermelha” dos partidos e movimentos ancorados na ala esquerda brasileira, como PT, PCdoB, PDT, PSoL, MST, UNE, Solidariedade, PV, entre outros.
Essa alternativa morreu, ainda segundo filiados, porque nas contas dos dirigentes não havia condição para que o PSL/RN sozinho elegesse, sequer, um deputado estadual, e muito menos o federal da legenda. Uma avaliação que revela a falta de sensibilidade dos dirigentes partidários que não conseguem dimensionar a perspectiva da responsabilidade que terá o partido com a eventual eleição de Jair Bolsonaro como presidente do Brasil. Uma visão amadora de quem desconhece o mecanismo político e se deixa levar pelo modismo eleitoral que devora inexperientes e faz da imaturidade seu prato preferido para saciar a fome de votos alheios.
Com essa visão, o partido sentou na mesa de negociações com os ditos nanicos potiguares que integravam o G-10 em busca de alianças para viabilizar a possibilidade de vitória de um ou dois candidatos bolsonaristas para a Assembleia Legislativa e o ex-auxiliar da ex-governadora e atual prefeita de Mossoró, general Elieser Girão para federal. O grupo foi minguando e tudo terminou em quatro e cinco alianças.
De lá prá cá, o PSL/RN vem indo e vindo em decisões que pouca coisa acrescentam para a legenda e muito confunde o eleitorado, principalmente porque o discurso do partido é fraco, inconsistente e se ressume em desconstruir reputações dos adversários e militantes da esquerda como se o grande projeto do partido fosse somente derrotar o comunismo/socialismo e ponto. Não há qualquer indicação de projetos nas áreas de educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, infraestrutura, cultura, esporte ou qualquer outra área da gestão pública nas postagens dos militantes do PSL aqui no RN.
Nesse oceano de ondas traiçoeiras o partido tem tentado todas as alternativas para se firmar como agremiação política o que tem gerado ações e recuos desastrosos para o PSL local. Tem candidato a governador, não tem mais. Tem candidato a senador, não tem mais. Vai coligar com quatro partidos (PSDC, PV, Patriota e PSC) com 18candidatos a deputado estadual e com cinco (PSDC, PV, Patriota, Solidariedade e PSC) com um candidato a deputado federal, dividindo espaços na TV e rádios com partidos que usarão o “fundo eleitoral” e apoiarão candidatos proibidos pelo PSL/RN.
Dos quatro partidos aliados para deputação estadual, o PSC ajudou a eleger Collor de Melo (PRN) em 1989 e aliou-se a Dilma Rousseff do PT em 2010. Outro, o PV, é dirigido pelo filho do ex-prefeito Jurandir Marinho, de Canguaretama, comunista de carteirinha que durante sua gestão na prefeitura, deu nome de Che Guevara e Fideu Castro a prédios e logradouros públicos, além de construir uma estátua de guerrilheiro cubano numa comunidade do município. O presidente do PV local irá dividir o horário na TV com o general Girão, ambos candidatos a deputado federal.
Essa miscelânia ideológica não pode gerar bons frutos para um partido que tem carregado em sua logomarca o candidato Jair Bolosnaro, feito pela mídia, por 90% dos partidos com atuação no Brasil (inclusive alguns dos que irão fechar coligação no Rio Grande do Norte), por movimentos sindicais e sociais e entidades de classe como o “inimigo público nº 1”.  Claro que não. E não se pode dar a inocência e o amadorismo o querer achar que isso vai dar certo. Nem aqui, nem no Japão.
A postagem do Diretório Estadual do PSL/RN
E para colocar mais inexperiência e amadorismo nas ações desastrosas do PSL/RN, ontem, nas redes sociais dos grupos bolsonaristas capitaneados pelo Diretório Estadual, uma postagem inusitada, muito mais para “fogo amigo” do que qualquer outra coisa. Assinada pelo Diretório Estadual do PSL local, uma foto com Jair Bolsonaro e o então candidato a senador pelo partido, Roberto Ronconi, conclamava os militantes para ajudar a eleger o senador porque Bolsonaro queria impedir o seu “impeachment” depois da eleição e para isso precisaria ter seu mandato “blindado” por uma bancada de senadores boilsonarista. Quer dizer que Jair Bolsonaro sofrerá um impeachment depois de eleito? Pode? 
Consequência: munição para os adversários e a comunicação de Roberto Ranconi de que retirava definitivamente seu nome da disputa para o Senado Federal pelo PSL/RN. Se não é o inferno astral do PSL local, é a “dança do crioulo doido” em curso.

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