ARTIGO DA SEMANA

 Sucessão municipal e o estelionato eleitoral  

MARCUS OTTONI
Henrique quer substituir o primo Carlos em 2018

  A eleição para prefeito do Natal, este ano, é um trampolim com foco na próxima disputa pelo Governo do Estado, em 2018, principalmente para o grupo do atual prefeito pedetista da capital que pretende tentar reeditar o salto político dado por sua madrinha Wilma de Faria, em 2002, quando renunciou ao mandato de prefeita do Natal para disputar o governo, vencendo a eleição com mais de 820 mil e tornando-se a primeira mulher a governar o Rio Grande do Norte.
  Embora Carlos Eduardo não use saia e não tenha o potencial eleitoral de sua vice-prefeita, seu projeto é similar ao da ex-governadora, com arranjos pessoais que não sinalizam que ele queira Wilma como vice na chapa deste ano para não ter que entregar o comando da prefeitura, daqui a dois anos, caso seja reeleito agora em 2014. Nesse cenário fala mais alto a voz da “Oligarquia Alves”, na pessoa do primo ministro Henrique Alves, presidente estadual do PMDB, cuja carreira política registra amargas derrotas tanto para a Prefeitura da capital como para o Governo do Estado.
  Os primos estiveram em lados opostos na eleição de 2012 na disputa pela Prefeitura do Natal. Aproximaram-se na eleição de 2014 para o Governo do Estado e continuam alinhavando seus projetos a quatro mãos, principalmente depois que o prefeito Carlos Eduardo ficou órfão do pai e engenheiro político da meteórica ascensão do filho, o ex-prefeito de Paranamirim, Agnelo Alves, falecido em 2015 quando exercia um mandato de deputado estadual do Rio Grande do Norte.
  O ministro não tem poupado esforços para garantir a vaga de vice na chapa do primo prefeito para o seu partido, de preferência para algum parente, aparentado ou encabrestado do seu PMDB que possa colocá-lo no comando da Prefeitura do Natal em 2018 como uma espécie de super secretário ou “eminência parda”, para nos dois anos finais de mandato e com o apoio do primo governador conseguir, enfim, ser eleito prefeito da capital do Rio Grande do Norte. Esse arcabouço de engenharia política da “Oligarquia Alves” tende a se consolidar no seu primeiro momento, em maio deste ano, com a aliança PDT/PMDB, numa chapa ancorada pelos laços familiares e apoiada pelos penduricalhos partidários que desfrutam das benesses do poder público na capital.
Mineiro e Rogério contaminados pelo Petrolão do PT
 
  Mas, entre o desejo e a realização o projeto da “Oligarquia Alves” existe uma disputa eleitoral que se apresenta cheia de interesses contrários à reeleição de Carlos Eduardo e que, de certa forma, também tem seus projetos de ascensão e controle do Poder Público estadual. Filtrando as candidaturas viáveis eleitoralmente as opções se reduzem a talvez cinco, contando com a chapa da “Oligarquia Alves”: Fernando Mineiro (PT), Rogério Marinho (PSDB), Robério Paulino (PSoL) e uma ainda sem definição partidária que pode colocar a atual vice-prefeita Wilma de Faria ou o vereador Luiz Almir como candidatos a prefeito do Natal. Fora desse leque são apenas aventuras políticas eleitorais de autopromoção.
Robério pode repetir fenômeno Mossoró

  Uma coisa é certa: a eleição de Natal irá para o segundo turno e terá no professor Robério Paulino, do PSoL, o divisor eleitoral entre a reeleição de Carlos e sua derrota. Quem estará no segundo turno com o atual prefeito ainda faz parte da incerteza eleitoral deste ano. Pode até ser que o próprio Robério Paulino consiga enfiar-se na disputa do segundo turno vencendo, no primeiro turno, os candidatos das tradicionais forças políticas conservadoras da capital. Seria a repetição melhorada e mais consciente do fenômeno Miguel Mossoró, em 2004, quando obteve quase 70 mil votos de protesto da sociedade natalense, muitos deles dados pela juventude.
  As candidaturas dos deputados Fernando Mineiro (PT) e Rogério Marinho (PSDB) devem ser as mais rejeitadas pelo eleitor da capital por causa do envolvimento dos dois partidos no escândalo de corrupção que, a cada novo dia, joga mais lama no PT e PSDB. Isso sinaliza que o discurso de ambos será tentar a polarização entre eles com acusações de toda ordem e mau cheiro próprio daqueles partidos que se transformam em quadrilhas organizadas para assaltar os cofres públicos. É bom frisar que tanto o deputado Fernando Mineiro, como o deputado Rogério Marinho, não estão envolvidos na corrupção da Petrobrás, e sim seus partidos que são os denunciados pela Justiça e Ministério Público Federal.
  Com relação a vice-prefeita Wilma de Faria (PSB) e o vereador Luiz Almir (PV), possíveis alternativas para uma candidatura fora do eixo PDT, PMDB, PT, PSDB e de seus partidos atuais, a expectativa tem gerado ações do ministro Henrique Alves com vistas a abortar qualquer movimento no sentido da independência dos dois políticos. Para isso, o ministro tem investido pesado nas negociações com Wilma e Luiz Almir e usando em suas conversas outro primo, o senador Garibaldi Filho, como avalista das propostas que tem apresentado para Luiz e Wilma.
Wilma e Luiz Almir: pesadelos de Henrique Alves

  Henrique não quer atropelos no projeto familiar da eleição municipal do Natal este ano. Tenta viabilizar a construção da chapa PDT/PMDB e evitar defecções de partidos e políticos que estão sob a batuta do primo prefeito para fortalecer o palanque da “Oligarquia Alves” e dar os primeiros passos para chegar, pelo voto, em 2020, ao comando da Prefeitura Municipal do Natal, com o primo eleito governador do Rio Grande do Norte em 2018.

  Nesse traçado político, teremos nas eleições municipais deste ano na capital um estelionato eleitoral patrocinado pelo atual prefeito Carlos Eduardo que pedirá o voto dos natalenses para governar Natal pelos próximos quatro anos, e caso seja reeleito vai abandonar o barco no meio do caminho para uma aventura político-familiar, entregando a Prefeitura da cidade ao primo ministro para administrar a capital do Rio Grande do Norte.

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