"...e vivemos como nossos pais..."

(Marcus Ottoni – jornalista)
  Os últimos acontecimentos envolvendo a classe política brasileira com o vazamento parcial de delações premiadas de executivos da construtora Odebrecht não é surpresa para ninguém. Desde que a operação “Lava Jato” foi desencadeada em Curitiba, ainda no governo da ex-presidente petista Dilma Rousseff, todo mundo já sabia que a corrupção institucionalizada pelo lulopetismo não se restringia apenas ao Partido dos Trabalhadores como beneficiário do dinheiro roubado e transferido para políticos via propina.
  A sociedade brasileira não é tão ingênua que não tenha consciência de que o esquema montado pelo PT na Petrobrás com participação das grandes empreiteiras brasileiras não ficaria restrito a estatal sem contaminar diversas obras pelo país afora com a participação de políticos de vários partidos, principalmente aqueles ligados a base de sustentação política do lulopetismo no Congresso Nacional.
  O que está se vendo atualmente é o retrato de um período onde a corrupção tornou-se programa prioritário das administrações petistas de Lula e Dilma, com  apoio e simpatia de toda base política do lulopetismo, com a adesão do maior partido no Congresso Nacional, o PMDB, detentor da vice-presidência da República e das presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. A contaminação não ocorreu por osmose, mas por convicção de que o bolo era gigantesco e ao PMDB cabia uma fatia grande no propinoduto lulopetista.
  Não há porque estranhar ou se sobressaltar com a inclusão de nomes de peso do governo Temer no escândalo da corrupção “odebrechtiana”. Como principal fiador do projeto lulopetista nas últimas décadas e com tradição de estar sempre no governo, seja qual matiz tenha, o PMDB está enfiado de cabo a rabo na corrupção revelada pela operação “Lava Jato” e em suas ramificações estaduais com a participação das empreiteiras brasileiras. Isso todo mundo já sabia.
  O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff serviu para barrar a manutenção do esquema corrupto montado pelo lulopetismo na gestão federal e, mais ainda, para fragilizar toda a classe política e expor as vísceras de um sistema sórdido e criminoso que contou com a participação e envolvimento de todos os aliados do PT durante os últimos 13 anos. Também revelou a contaminação de todos os poderes da República, sem exceção, nesse esquema que tem interesses inconfessáveis e que coloca o país numa letargia constitucional causando, aí sim, surpresa pela recorrente manipulação da Constituição ao sabor do momento, dos atores envolvidos e dos poderes em conflito.
  Qualquer ação que sinalize a saída do Brasil desse contexto negativo político-social-econômico é sempre bem vinda e deve contar com o apoio da sociedade. Mas está evidente que o atual comando do governo federal não tem condições morais para propor muitas alternativas porque depende de um Congresso contaminado em sua maioria por políticos corruptos envolvidos no esquema lulopetista de corrupção institucionalizada. Mas, o governo Temer é a ponte para um novo caminho que não será construído pelos atuais dirigentes do país e, muito menos, pela atual classe política brasileira. Há de se ressaltar poucas e honrosas exceções nessa podridão parlamentar que enlameia o Congresso Nacional.
  A sociedade brasileira deve chamar a si a responsabilidade pela mudança que o Brasil precisa e quer que seja feita. Deve partir para o confronto com a classe política para conscientizar a população eleitoralmente ativa de que o país não pode ficar refém de políticos envolvidos com esquemas de corrupção e com o crime institucionalizado. Não pode ter como candidatos a presidente os mesmos agentes que há mais de 20 anos dominam a cena política nacional e que tem responsabilidades com a atual situação do país por alguns terem patrocinado a institucionalização da corrupção e da roubalheira do dinheiro do contribuinte e, outros, de se beneficiarem com o programa de corrupção montando pelo PT com as empreiteiras brasileiras, mesmo atuando na oposição ao lulopetismo.
  O Brasil precisa de uma nova classe política, não apenas nos Executivos (federal, estaduais e municpais), mas, e sobretudo, no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores. Precisa ainda e com maior urgência, garantir que os ministros da Suprema Corte sejam eleitos pelo voto e não escolhidos por aquele que está sentado na giroflex palaciana. Para isso, a sociedade deve se mobilizar sem a tutela e participação dos atuais políticos e partidos brasileiros.
  O que está em jogo não é a sobrevivência desse ou daquele partido ou desse ou daquele político corrupto. É o futuro do Brasil que conta. O Brasil é mais do que PT, PSDB, PMDB ou outro “pê” que orbite atualmente na política brasileira, inclusive os “efe” “de” pê” que se colocam como salvadores da pátria e que representam o “retorno ao caos”...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sinsenat pode ser alvo de investigação por suspeita de desvio de recursos

Gildo da Costa Dantas lança livro sobre os minérios do Rio Grande do Norte

Uma pesquisa de intenção de voto do FSB pesquisa com cheiro podre de fraude