Joesley e Wesley: os "macunaímas" da PGR
(Marcus Ottoni – jornalista)
Sem querer minimizar a gravidade das denúncias contra o presidente Michel Temer e os outros políticos citados pelo empresário Joesley Batista na delação feita na Procuradoria Geral da República (PGR) aos procuradores do Ministério Público Federa, ou contestar o incontestável, fico, no entanto, sem compreender a postura do MPF com relação ao empresário Joesley Batista e seu irmão Wesley, além do outros delatores do grupo J&F, que controla, entre outras empresas, o frigorífico JBS.
Réus confessos de crimes continuados ao longo de quase 16 anos, saíram ilesos com direito a liberdade infinita, sem qualquer condenação, podendo inclusive mudar para outro país e viver nababescamente com suas famílias protegidas pela cegueira da Justiça, gastando os bilhões e bilhões que amealharam enquanto praticavam os crimes confessados para os procuradores federais na sede da Procuradoria Geral da República. Ou seja, para eles e para a PGR, o crime compensa desde que o criminoso delate autoridades da República no melhor estilo hollywoodiano com direito a estágio para aprender a técnica da delação visual com acompanhamento didático da Polícia Federal e do MPF.
É inadimissível, incompreensível, inimaginável que criminosos do porte dos irmãos Batista (Joesley e Wesley) donos das empresas do Grupo J&F, roubem o país, o contribuinte, o trabalhador brasileiro e saiam impunes numa demonstração de escárnio e desrespeito a sociedade brasileira que assiste a fuga planejada e autorizada pela Justiça brasileira de bandidos que deveriam estar na cadeia, mesmo grampeando presidente, senador, deputado e delatando meio mundo político nacional como um bando de corruptos insaciáveis pelo dinheiro fácil de origem criminosa. Foram anos e anos de bandalheira e roubalheira institucionalizada, permitida pelo Poder Público e compactuada pela desprezível classe política brasileira e que, agora, torna-se prêmio pela espertize dos irmãos Batista e pela conivência da PGR com a impunidade garantida a Joesly e Wesley do grupo J&F.
É como se o crime fosse apenas dos políticos corruptos que enlameiam a história do país e jogam o Brasil no charco da vergonhosa atividade de roubar os cofres públicos, coisa que em qualquer país do mundo (com raras e nefastas exceções) todos estariam atrás das grades e cumprindo penas nem um pouco generosas, com ou sem delação premiada. O que se assiste no noticiário e se vê nas ações dos políticos adversários aos citados pelos irmãos Batista é a metralhadora giratória voltada apenas para a classe política, livrando os donos do grupo J&F de qualquer menção, a não ser a repetição exaustiva dos vídeos e áudios feitos pelo empresário durante a “cabuetagem” na PGR aos procuradores federais. Todo o foco está nos políticos como se apenas e tão somente eles fossem os criminosos ou cúmplices de um empresário bandido que roubou o tesouro nacional, propinou a classe política e “mangou” da sociedade brasileira ao sair impune e cheio de direitos e garantias dadas pela PGR.
A punição de todos os denunciados, de hoje e de ontem, deve ser exemplar e afasta-los da vida pública além de condená-los por seus crimes com penas severas para exemplificar um novo país com uma nova e contundente postura contra a corrupção e todos os crimes cometidos por autoridades públicas contra a sociedade brasileira. Mas, sobretudo, deve punir sem qualquer benefício o empresário que se propôs a administrar a corrupção e o roubo dos recursos do tesouro nacional para locupletar-se e saciar a fome corrupta de políticos desonestos, não importando o partido em que esteja filiado ou qual sua hierarquia republicana. É preciso punir o empresário com rigor porque ele é a mais importante ferramenta da corrupção que destrói qualquer nação e joga no caos todo um povo trabalhador que é punido pela ganância e a falta de escrúpulo desse tipo de empresário.
Sem o empresário corrupto, o político desonesto não sobrevive. Com o empresário desonesto, o político corrupto faz carreira no crime. Essa roda viva da corrupção só cessa quando se quebra o elo que atrai o político para o jogo da corrupção que é o empresário desonesto que quer, a todo custo, levar vantagem e tirar do Poder Público (federal, estadual e municipal) o dinheiro que seria utilizado na educação, saúde, segurança, mobilidade urbana, infraestrutura, etc. O empresário criminoso enriquece, amplia seu patrimônio, vive confortavelmente com sua família e o político desonesto e criminoso se torna peça necessária para que a corrupção aumente a cada novo ano.
Já a sociedade é penalizada com a precariedade dos serviços públicos oferecidos pelos governos (federal, estaduais e municipais) que passam pela falta de obras importantes para o desenvolvimento das cidades, pela paralisação definitiva de obras vitais para a melhoria da qualidade de vida dos brasileiros, pela suspensão de serviços necessários para a população, pela deficiência nas ações do Poder Público nos municípios, pela demagogia dos políticos corruptos nas prefeituras, governos estaduais, Câmara de Vereadores, Assembleias Legislativas, Câmara Federal, Senado e a Presidência da República e pelo sarcasmo dos empresários que roubam o país.
É preciso rever esse procedimento generoso garantido pela PGR para os irmãos Batista do grupo J&F. A sociedade não pode e nem deve ficar indignada apenas com a classe política brasileira que se promiscuiu, descaradamente, ao longo dos últimos 13 anos e, tão somente cobrar o banimento desses calhordas politicanalhas da vida pública nacional. Deve, e com a mesma intensidade, cobrar das autoridades o fim desses benefícios para empresários ladrões e corruptos que confessam seus crimes denunciando os políticos com o intuito de ter os crimes praticados por eles e suas empresas perdoados pela Justiça que os traveste de “macunaímas” para deleite dos gladiadores políticos de plantão que se perdem no embate dos cordões vermelho e azul sem compreenderem a dimensão das denúncias feitas pelos empresários corruptos e desonestos que acertam em cheio o povo brasileiro como Nação.
É preciso colocar na cadeia os empresários e confiscar suas empresas e patrimônios pessoais para transformá-los em verbas para o tesouro nacional, banindo, desta forma, da vida nacional os políticos corruptos da atividade política e os empresários ladrões da atividade empresarial brasileira.
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