O show do palhaço no circo de horrores do parlamento brasileiro

(Marcus Ottoni – jornalista)
  Dizia o velho e saudoso seridoense Agenor Maria, ex-deputado federal e ex-senador da República, que o Congresso Nacional é “mil vezes melhor do que o céu”. Bom, se existir esse céu bíblico para onde todas as almas puras serão abduzidas e viverão num eterno paraíso, sem maldade, sem pecado, sem provações, sem etc etc etc, a pós vida será algo inimaginável por nós humanos, principalmente os que vivem no Brasil dos Lula da Silva, Temer, Aécios, Marinas, Ciros e toda essa camarilha de predadores políticos. 
  Dentro dessa visão, o saudoso nordestino do Seridó Potiguar não precisou ser abduzido pelo Divino para viver no céu. Elegeu-se senador pelas mãos do ex-governador Aluízio Alves e desfrutou de todos os benefícios que o céu do Congresso Nacional proporciona para os “escolhidos” pelo voto popular, mesmo que vocação nenhuma tenha para o exercício de um mandato parlamentar. Mas céu é céu, seja num infinito desconhecido ou num prédio arquitetonicamente futurista em Brasília, capital do país de todos os ladrões.
  Em sendo assim, fica uma pergunta: porque alguém que durante sete anos viveu nesse céu de maravilhas e benefícios, renuncia ao mandato alegando vergonha por exercer o cargo e por estar sendo obrigado a conviver com a pior ralé política que o Brasil já produziu? Foram necessários mais de 2.550 dias para que o palhaço-deputado federal Tiririca descobrisse que estava inserido num antro de bandidos de colarinho branco cuja atuação tem como foco, apenas e tão somente, seus interesses pessoais? Não creio que a renúncia de Francisco Everaldo Oliveira Silva, o Tiririca, seja, de fato, um gesto nobre eivado de protesto contra tudo e contra todos que dividiram com ele o dia a dia nos últimos sete anos.
  Um parlamentar federal eleito com mais de um milhão e trezentos mil votos paulistanos, em 2010, e que garantiu ao seu partido, o PR, algo em torno de 15 milhões do fundo partidário entre 2010 e 2014, não renuncia ao mandato ainda com um ano para gastar tempo no céu do seridoense Agenor Maria. Só o faz como estratégia eleitoral para um salto mais alto ou para garantir junto a sociedade a continuidade de sua espécie no circo de horrores do parlamento brasileiro, apostando numa sucessão familiar com a provável candidatura do filho, também palhaço de profissão.
  E numa estratégia bem planejada, como a que o alçou ao mandato com o bordão: “pior do que ta não fica”, pode-se imaginar nessa “renuncia” a abertura de um balcão de negociação com outros partidos mais alinhados as correntes maniqueístas da política nacional, já que o desabafo do deputado, que nenhum projeto de Lei apresentou ao longo de seus sete anos no cargo e que a única vez que discursou em plenário, da tribuna da Casa, foi o primeiro e último discurso do palhaço deputado Tiririca, tem tudo para sensibilizar o eleitorado classe baixa que o tem como ídolo e, também, alguns intelectualóides que acreditam na eleição de tipos folclóricos brasileiros como um protesto da sociedade cansada de tantos desatinos e desmandos da classe política.
  Tiririca fez seu show, único e exclusivo para o parlamento brasileiro. E o fez no circo dos horrores do Congresso Nacional. Sai de cena o palhaço-deputado e entra no picadeiro o cidadão-palhaço para tornar-se ícone da cidadania com uma coragem explícita de cair fora do céu parlamentar morto de vergonha pela atuação de seus pares e conclamando os que lá ficaram, tanto no Senado como na Câmara, a não briguem muito e pensem no povo brasileiro. Coisa difícil em ano pré-eleitoral. 
  Não será surpresa para mim caso no ano que vem o filho do palhaço Tiririca assine a ficha de filiação de um partido político e se coloque como candidato para fazer do céu do Congresso Nacional um lugar melhor do que ficou depois que o pai entrou carregado por milhões de votos que não honrou e, muito menos, representou com dignidade o eleitorado que o escolheu para melhorar o país. Pior do que estava, ficou. 
  Uma sugestão para o palhaço cidadão Tiririca e seu marketing eleitoreiro familiar: porque não procura o presidente do PPS, Roberto Freire? Se ele estendeu o tapete vermelho para o filhote da Goblo, Luciano Huck, que não tem meia dúzia de votos, você com esses milhões de eleitores já testado, quem sabe ele estenda, não apenas um tapete vermelho, mas arme um circo partidário com todo o elenco necessário para o espetáculo eleitoral de 2018. Ou melhor, a palhaçada institucional do ano que vem.
  Pior do que tá, pode ficar...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sinsenat pode ser alvo de investigação por suspeita de desvio de recursos

Gildo da Costa Dantas lança livro sobre os minérios do Rio Grande do Norte

Uma pesquisa de intenção de voto do FSB pesquisa com cheiro podre de fraude