A Politicagem Fla Flu
(Marcus Ottoni – jornalista)
Já vai longe o tempo em que os partidos políticos se
organizavam para participar de eleições buscando definir programas de governo e
posturas partidárias com relação aos assuntos de interesse nacional com foco na
construção de alternativas para solucionar os problemas vividos pela sociedade
e, com base nisso, melhorar a qualidade de vida da população promover o
desenvolvimento do país, do estado ou mesmo do município.
As alianças eleitorais tinham como fundamento a proximidade
das ideias e a ampliação dos projetos numa soma de esforços, identidades
políticas e interesse coletivo. As disputas se baseavam no confronto das
alternativas apresentadas por cada candidato e davam ao eleitor a certeza de
estar escolhendo o melhor para representa-lo, nos parlamentos ou nos
executivos, de acordo com sua consciência e alinhamento com as propostas do
candidato o qual ele escolheu para ser seu representante.
Os tempos evoluíram e política mudou sua concepção
partidária, transformando a disputa eleitoral em uma partida de futebol onde
“equipes de políticos” se enfrentam, não para levar o melhor que possam ter
para os postos que pretendem ocupar e, assim, promoverem a justiça social, a
igualdade de oportunidades, a valorização das minorias, geração de emprego e
renda, desenvolvimento e o pleno exercício da cidadania num consolidado regime
democrático.
Hoje, o período que antecede o circo eleitoreiro no Brasil é
gasto com a formação das equipes que disputarão o troféu do campeonato que é,
sem sombra de dúvida, o mandato que se quer conquistar nas urnas. E os partidos
vão se alinhando não por afinidade ideológica ou por semelhança de ideias ou
vontade de ação coletiva, mas sim por casuísmos tantos que moldam o “jogo
eleitoral” e fazem da eleição um labirinto cheio de entradas e saídas
legalizadas por um Tribunal Superior Eleitoral que se recusa a cumprir a lei
que o obriga a instituir o voto impresso.
Assim, a eleição vira um Fla Flu e as “equipes” se aproximam
buscando formar seus times com o que classificam de “melhores e mais carismáticos”
com potencial de votos para somar em prol daquele que vai sair como “alegoria
de destaque” desta e daquela outra coligação. Nesse balaio unem-se gregos e
troianos, jararacas e tatu bolas, onças e viadinhos, urubus e pomba rola. E
começa, então o campeonato da ilusão eleitoral.
Nesse cenário a disputa passa a ser como guerra de torcida e
o vale tudo não só é permitido como estimulado pelos chefes dos índios e, o que
deveria ser um debate de ideias e projetos em prol da sociedade, se transforma
numa pelada grotesca entre trogloditas aloprados e brutalizados contra
dinossauros políticos em decadência num confronto deplorável onde o que menos
importa é o que será feito para a população. Porque ganhar é o que importa,
como numa final de campeonato nacional de futebol.
Nada mais deplorável do que ver o exercício da política nas
mãos daqueles que fazem da atividade a mais rentável do crime organizado e
tiram proveito inescrupulosamente para escravizar a sociedade e dela tornar-se
senhor das vontades e do destino.
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