O aparelhamento dos poderes da República e a responsabilidade da sociedade de bem

(Marcus Ottoni – jornalista)
A República acabou e todos os seus três poderes estão arruinados, desacreditados e desmoralizados. Não escapa um: Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos jogados na vala comum da vergonha nacional e apodrecidos pela horda de criminosos que se instalaram nos poderes da República e deles fizeram a mais rentável atividade criminosa dos últimos tempos no Brasil de todos nós.
Se há “honrosas exceções” não sei dizer, porque se existem alguns que não chafurdam na lama da corrupção e da roubalheira institucionalizada, estes, lamentavelmente, não escaparão da pecha de bandidos de colarinho branco e estarão fadados ao escracho popular, junto com os protagonistas de uma era de horror institucional e desmantelo social.
Uma nação que troca de presidente e mantém o mesmo costume não é um país sério e com um destino fabuloso para cumprir. Até porque, o aquele que assumiu tem origem na pocilga de quem deixou o cargo e traz no DNA político a mazela da politicanalhagem do favorecimento recíproco do toma lá, dá cá.
A este que está no cargo juntam-se outros que se assemelham aos que deixaram o Poder com o mesmo apetite canalhesco e a volúpia indecorosa por cargos e postos na máquina pública tornando-se, desavergonhadamente, serviçais de bandidos e laranjas de criminosos, sem a preocupação em ocultar o beija-mão de quem ordena, manda, autoriza e beneficia quem lhe lambe o anel.
Nessa pisada a República com seus poucos mais de 500 anos vai sucumbindo a prática nociva do desmonte de seus Poderes e do sucateamento das riquezas de uma sociedade que, ordeiramente, gera recursos para locupletar os seus algozes e abastecer o propinoduto da política brasileira, nos mais diversos modelos e nas mais diversificadas alternativas de ladroagem do tesouro nacional.
Como uma metástase, a desmoralização dos Poderes da República vai corroendo suas entranhas e apodrecendo suas estruturas democráticas fazendo de cada um poder o antro da mais hedionda atividade contemporânea: o desvio de recursos públicos. E em cada um dos poderes, o câncer da organização criminosa estende sua ação sem ética, moral ou decência.
A desconsturação dos Poderes republicanos brasileiros chega às raias do cinismo e do escárnio quando seus integrantes se arvoram em autoridades constituídas, rezando na cartilha do crime organizado onde a lei que impera é a asquerosa certeza de que quem rouba no Brasil só vai para a cadeia pagar por seus crimes se for negro, pobre, morador de periferia ou nordestino miserável.
A prisão do criminoso Luiz Inácio Lula da Silva se apresenta como um sinal positivo na questão da impunidade, já que o condenado é um ex-presidente da República preso por crime comum com condenação pela Justiça em duas instâncias, coisa jamais vista em toda a história do país, desde que aqui aportou o português Cabral.
Mas, isso não recupera a autoridade dos Poderes da República e não recompõem a nação como pátria ordeira e democrática. Apenas sinaliza que o destino do Brasil está, mais do que nunca, nas mãos da sociedade que deve decidir o rumo que o país deve tomar a partir do próximo ano, influindo direta e decisivamente no resultado das eleições deste ano.
O dilema está na escolha em outubro. Uma eleição estruturada pelo crime organizado em conluio entre os três poderes cujo interesse é manter o que aí está e garantir que o crime continue atuando no país como autoridade constituída e democraticamente escolhida pela sociedade por meio do voto secreto é o perigo que mora em Brasília e golpeia a democracia e a República com cutelo de exterminador mafioso.
Uma República desmoralizada em seus poderes é uma nação enfraquecida e frágil internacionalmente. A hora da transformação é chegada e o momento exige que a sociedade dê um basta ao crime organizado e recupere a dignidade nacional perdida. Há tempo para reivindicar e há tempo para transformar, mesmo jogando o jogo bancado pela organização criminosas supra partidária.
Quem sabe faz na hora, não espera acontecer... já dizia a canção de Vandré.

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